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novas espécies
2008-05-29

Alice Hirschmann pesquisou a presença de inúmeras espécies durante um ano
Trabalho de mestranda lajeadense destaca quantidade de espécies e alerta para preservação

Lajeado - Graças ao trabalho de uma ex-aluna de Ciências Biológicas da Univates o Vale do Taquari passa a ter noção da variedade de peixes presente em seus arroios. O estudo feito por Alice Hirschmann (25), mestranda de Biologia Animal na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs), aponta duas conclusões importantes. A primeira é sobre o grande número de espécies nos locais pesquisados - algumas sequer são conhecidas pela ciência. A segunda é a certeza de que há muito a ser feito pela preservação desses peixes.

Durante um ano (abril de 2007 a março de 2008) Alice coletou dados biológicos nos arroios Forquetinha, Travesseiro e Tamanduá. O número total de espécies registradas foi de 54 (destas 49 para o Arroio Forquetinha, 38 para o Travesseiro e 38 para o Tamanduá), o que surpreendeu a estudante. "É grande. Me impressionei com a quantidade", relata. A biodiversidade presente nas águas do Vale do Taquari é ainda maior com a inclusão dos rios Forqueta e Taquari, que juntos contam com 72 peixes diferentes. Mas de acordo com ela, é bem provável que existam outras espécies além daquelas registradas. "O número mais elevado nos arroios se deve aos métodos de amostragens mais abrangentes, o que indica que nos rios Forqueta e Taquari pode ser muito maior."

Para dar um exemplo de como os dados são significativos, ela cita o sistema que compreende desde o Rio das Antas até a Laguna dos Patos. Nele convivem 140 peixes diferentes. "Temos cerca da metade das espécies encontradas nesse espaço", constata a estudante. Hoje os exemplares amostrados passam por uma triagem em laboratório. Dentre os que já foram registrados, cinco variedades de lambaris e uma de cará não são conhecidas pela ciência. Outras quatro de cascudos e uma de tuvira (peixe-elétrico) estão sendo descritas.

Consciência ambiental
Entre os arroios da região, o Forquetinha é o que apresenta o maior número de espécies de peixes (49). O comportamento da comunidade situada ao seu redor contribui para esse resultado. Criado às margens da corrente de água, na cidade de mesmo nome, o comerciante Hilário Scheibe (44) lembra com carinho do tempo em que se banhava no local. Hoje o nível do córrego não é mais o mesmo, mas ainda assim a variedade de peixes é grande. Tanto que Scheibe mal consegue contar.

"Jundiá, traíra, cascudo, lambari, carpa. Tem uns que a gente nem sabe o nome", afirma. Apesar disso, ele não tem o hábito de pescar. E mais. Faz o papel de fiscal sempre que um pescador sem consciência ecológica tenta burlar a piracema, período de reprodução dos animais. "Os peixes têm de se criar", defende. Além da preocupação dos moradores, o comerciante tem outra explicação para o fenômeno. "Na enchente o peixe sempre vai atrás da água clara", diz, citando a migração de espécies do Rio Forqueta para o Forquetinha.

Objetivo
O projeto denominado Composição e Estrutura da Assembléia de Peixes em Três Arroios da Sub-Bacia do Rio Forqueta será concluído em janeiro do ano que vem. Com ele, Alice pretende alertar para a necessidade de preservação das espécies. "Esse é o objetivo principal de fazer esse trabalho", define. A dedicação ao tema teve início quando a estudante participava de atividades de monitoramento na Pequena Central Hidrelétrica (PCH) Salto Forqueta. "Não havia nenhum estudo e tinha muitas ações a ser feitas", recorda. Após a conclusão do trabalho será feita análise sobre o mecanismo de reprodução das espécies. De acordo com ela, o estudo aprofunda o conhecimento sobre os peixes e ajuda a minimizar eventuais impactos ambientais provocados pela ação do homem. A intenção é dar continuidade mesmo após a conclusão do mestrado, já que Alice pretende cursar doutorado em breve.

(O Informativo do Vale, 29/05/2008)


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