Com a predominância das chamadas "fontes limpas" de energia, como as usinas hidrelétricas, o Brasil não tem grande potencial para atuar no mercado dos créditos de carbono, quando se fala em volumes. No entanto, a abundância de rios e a aptidão para a produção de biocombustíveis colocam o país em posição de liderar a geração de créditos de carbono de "maior qualidade".
A tese é do diretor do Instituto Totum, Carlos Henrique Delpupo. Segundo ele, com a geração elétrica predominantemente hídrica, fica difícil para o Brasil implementar reduções acentuadas de emissão de carbono, como ocorre em países onde a geração é feita por meio da queima de gás ou carvão.
Porém, o especialista afirma que alguns fundos de investimento que atuam no segmento ambiental podem optar pelo crédito de carbono brasileiro. "Mesmo menor, a redução das emissões por aqui se dá por meio de ações de sustentabilidade, possibilitadas pela nossa grande disponibilidade de biomassa", explicou Delpupo. Segundo ele, alguns fundos estrangeiros, especialmente europeus, preferem comprar os créditos de carbono oriundos de reduções sustentáveis de emissões.
Delpupo aproveitou para criticar a burocracia imposta pela Organização das Nações Unidas (ONU) para a aprovação de novos projetos de geração de créditos de carbono. A seu ver, a entidade deveria criar normas mais simples e rápidas para o ingresso de novos empreendimentos no programa. "Cada fase em que o projeto passa é uma vitória. Estamos comemorando até bola na trave", ironizou.
O Brasil ocupa atualmente a terceira posição mundial em número de projetos aprovados, com 134 empreendimentos. À frente, aparecem Índia, com 339, e China, com 214.
Delpupo participou do II Seminário "Créditos de Carbono e Mudanças Climáticas - Propostas e Desafios para a Sustentabilidade Ambiental", promovido pelo Valor Econômico, em São Paulo.
(Por Murillo Camarotto, Valor Online, 28/05/2008)