Preso ontem sob suspeita de receber propina do esquema que extraía madeira ilegalmente da terra indígena Vale do Guaporé, o servidor Emanoel Rosa de Oliveira deixou há cerca de um mês a direção de fiscalização da Sema (Secretaria Estadual de Meio Ambiente) em Pontes e Lacerda (450 km de Cuiabá). Segundo a Sema, o escritório foi fechado e o servidor -que é comissionado- foi remanejado para a superintendência de fiscalização em Cuiabá.
Antes disso, Oliveira integrou a equipe técnica que, por ordem do governador Blairo Maggi (PR), verificou em campo os pontos de desmatamentos identificados pelo Inpe no Oeste de Mato Grosso.
No Estado, a verificação abrangeu 662 pontos e, conforme o governo, 90% dos dados do sistema Deter (Detecção do Desmatamento em Tempo Real) estavam errados. "Tal informação invalida a possibilidade de usar os dados do Deter para cálculo de área, como também invalida a tese de aumento na taxa de desmatamento nos últimos meses de 2007", diz trecho do relatório, no qual Oliveira é citado.
Conforme a Sema, a participação de todos os servidores no trabalho foi subordinada à coordenação de Cuiabá. A dimensão do trabalho, segundo a Sema, obrigou o uso do maior número de funcionários.
A secretaria disse que vai abrir uma sindicância para apurar o envolvimento de Oliveira no esquema. A Folha não encontrou o servidor e a PF não soube informar se ele contratou advogado para defendê-lo.
(Folha de São Paulo, 29/05/2008)