A garantia dada pela Fundação Nacional de Saúde (Funasa) de que será publicada hoje (29), no Diário Oficial da União, a autorização para o repasse de R$ 824 mil para a Associação de Defesa do Meio-Ambiente de Reimer – organização não-governamental que cuida do atendimento médico das reservas indígenas do Paraná - foi determinante para que os índios das etnias guarani e caingangue desocupassem a sede do órgão em Curitiba.
A invasão da regional aconteceu no início da noite de ontem (28). Os índios mantiveram cerca de 100 funcionários como reféns por quase quatro horas. Eles foram liberados, mas seis diretores continuaram como reféns, passando a madrugada negociando com as lideranças indígenas, e foram liberados por volta das 4h, com o compromisso de voltar pela manhã para que as negociações fossem retomadas.
Segundo o cacique Márcio Lourenço, da reserva de Laranjinha, apenas algumas lideranças permanecerão hoje na regional da Funasa “para ter certeza de que a reivindicação será atendida”. Ele disse que a presidência da Funasa, em Brasília, acenou com a liberação ainda hoje (28) de R$ 224 mil, em caráter de emergência, para que os 70 índios que estão em Curitiba voltassem para casa. A proposta não foi aceita pela Funasa.
“Mesmo amanhã, se os recursos não forem liberados, partiremos para um plano B, que não posso adiantar. Viemos para Curitiba e invadimos a sede da Funasa, de forma pacífica. As negociações estão avançando, mas não vamos voltar sem uma solução”, disse o cacique.
Ele explicou que um convênio assinado entre a ONG e a Funasa prevê o repasse de R$ 4,8 milhões até o final do ano, mas até agora nenhuma parcela foi liberada. Os índios denunciam que duas parcelas, de R$ 200 mil e R$ 600 mil, que deveriam ter sido liberadas em dezembro de 2007 e janeiro de 2008, não foram pagas.
Segundo o cacique, a situação nas 45 aldeias onde vivem cerca de 13 mil indígenas é precária, sendo que muitas estão sem medicamentos, inclusive os de uso contínuo.
Os índios reivindicam a reativação do contrato com uma empresa de transporte para levar as crianças e doentes para consultas fora das aldeias. O pedido ficou para ser discutido na próxima semana.
(Por Lúcia Nórcio,
Agência Brasil, 28/05/2008)