Angela Merkel anunciou na Conferência sobre Diversidade Biológica em Bonn que até 2012 Berlim quer investir meio bilhão de euros na proteção de florestas e espécies ameaçadas. Depois disso, serão 500 milhões ao ano. O governo alemão vem investindo anualmente em torno de 210 milhões de euros na preservação da biodiversidade. A chanceler federal Angela Merkel assegurou que, além deles, entre 2009 e 2012 Berlim pretende investir mais 125 milhões de euros.
Parte do dinheiro será destinada à iniciativa Rede da Vida (Life Web). Ela prevê que países em desenvolvimento façam sugestões de áreas a serem protegidas. O financiamento fica a cargo das nações industrializadas. Merkel advertiu que "a preservação da diversidade biológica e o combate à pobreza no planeta são dois lados da mesma moeda". A humanidade está destruindo em apenas algumas décadas o que a natureza levou milhões de anos para criar, salientou. A partir de 2013, serão destinados 500 milhões de euros por ano para a preservação das espécies no mundo. O dinheiro virá do comércio de licenças das emissões de CO2.
Elogios não só de ambientalistas
A promessa feita por Merkel nesta quarta-feira (28/05) no âmbito da COP9 da Convenção das Nações Unidas sobre Diversidade Biológica foi vista como "um forte sinal" pelo porta-voz da organização ambientalista WWF, Jörg Roos. Para ele, resta torcer para que outros países sigam o exemplo.
Segundo os cálculos da WWF, a comunidade internacional investe atualmente entre 3,8 e 6,3 bilhões de euros em áreas protegidas. Para uma proteção eficiente seriam necessários, no entanto, entre 20 e 30 bilhões de euros. A Greenpeace também saudou o anúncio de Merkel. É importante que ela defenda o engajamento de outros países também em nível internacional, disse Martin Kaiser, coordenador da delegação da Greenpeace na conferência.
Ressarcimento de recursos naturais
O ministro alemão do Meio Ambiente, Sigmar Gabriel, comunicou uma reviravolta importante na controversa questão do ressarcimento aos países pobres pelo uso de seus recursos naturais para a fabricação de medicamentos. Após 16 anos de negociações, Gabriel anunciou um "mandato específico", a ser concluído na próxima conferência, em 2010 no Japão. Organizações ambientalistas e representantes de países em desenvolvimento criticaram que não se tenha chegado a um acordo definitivo já nesta conferência em Bonn. "A biopirataria continuará sendo possível nos próximos dois anos", reclamou Kaiser.
Barroso apóia biocombustíveis
Ignorando as críticas dos ambientalistas, o presidente da Comissão Européia, José Manuel Barroso, voltou a apoiar os biocombustíveis, mas acrescentou que devem ser produzidos de forma sustentável. "Os biocombustíveis não devem ser parte do problema, mas podem e devem fazer parte da solução", ressaltou. A presença de Merkel e de Barroso em Bonn nesta quarta-feira marcou o início da fase decisiva da conferência, que termina na sexta-feira.
(Deutsche Welle, 29/05/2008)