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rio pardinho compensação socioambiental
2008-05-28

Representantes de entidades ligadas à preservação do Pardinho querem participação das famílias ribeirinhas

Quase dez anos depois de ter sido criado um movimento para salvar o Rio Pardinho, representantes de diferentes segmentos da sociedade estão mobilizados em uma nova campanha com o mesmo objetivo. As estratégias começaram a ser definidas há cerca de três semanas e as ações práticas em torno do rio serão apresentadas no dia 30 de junho, em audiência pública com moradores das áreas ribeirinhas entre Sinimbu e Santa Cruz do Sul.

O encontro, que deve contar com a participação de mais de cem pessoas, tem como propósito esclarecer a comunidade sobre a atenção com as áreas de preservação permanente e também a importância de se cuidar do manancial. Algumas das sugestões que serão apresentadas já estão definidas, mas dentro dos próximos dias devem ser detalhadas novas propostas.

Até lá serão emitidas notificações aos agricultores das áreas próximas ao leito para que eles compareçam na audiência. Esse trabalho vai ser coordenado por uma força-tarefa formada na tarde de ontem, da qual vão participar representantes do Comitê Pardo, Corsan, Patram, Emater, ONG Illea e Ministério Público. As visitas serão feitas a partir da semana que vem e todos os moradores deverão assinar o termo de participação. Nessa fase, segundo a promotora Roberta Brenner de Moraes, eles serão cadastrados para posteriores contatos e notificações.

Antes de serem feitos os comunicados um grupo vai entrar em contato com as prefeituras dos dois municípios, sindicatos dos trabalhadores rurais e Associação dos Fumicultores do Brasil (Afubra). A intenção é informar a sistemática a ser adotada para audiência. “Queremos que todos tenham condições de informar os interessados quanto ao que vai acontecer e dos objetivos do trabalho desenvolvido”, salientou.

Educação ambiental
Além do encontro com as famílias, os voluntários do Pardinho apresentaram um cronograma com as demais ações a serem adotadas para reduzir os danos causados pelo assoreamento das margens. Uma delas consiste na adoção de um programa voltado à educação ambiental das famílias e também dos estudantes. Esse trabalho deverá ser adotado em parceria com escolas e prefeituras de todos os municípios banhados.

Ao mesmo tempo, serão apresentados planos correspondentes à revitalização das áreas devastadas. Nas últimas semanas já foram debatidas algumas medidas em torno do reflorestamento; entretanto, outras iniciativas deverão ser adotadas para buscar melhores resultados.

Segundo o técnico agrícola da Emater, Edmar Segatto, embora o plantio de mudas seja importante, não é a única medida em torno da preservação. “A partir dos estudos técnicos é que serão acertadas as propostas mais adequadas”, disse. Enquanto esses trabalhos estiverem sendo desenvolvidos, o grupo vai continuar se reunindo para discutir medidas efetivas em torno da recuperação daquele que é a principal fonte de água para Santa Cruz do Sul.

Pioneiro
Embora desde 1998 exista o Comitê Pardo, responsável por desenvolver ações nas bacias dos rios Pardo e Pardinho, esta é a primeira vez que ocorre uma mobilização tão intensa na região. Agora estão envolvidos representantes de diferentes entidades e todos têm como proposta encontrar alternativas viáveis e sustentáveis com a proposta de reverter os danos causados pela ação do homem.

Prazos
Os prazos para resultados ainda são desconhecidos. Nesta primeira fase estão sendo organizadas reuniões para avaliar levantamentos já existentes e discutir como vai ser feita a preservação do manancial. Nesse trabalho estão envolvidos ambientalistas, professores e representantes de entidades não-governamentais.

Reflorestamento
Uma das primeiras medidas apresentadas em torno do Pardinho é o reflorestamento das margens. Somente a Companhia Riograndense de Saneamento (Corsan) teria 80 mil mudas a serem plantadas como forma de compensar os danos causados na construção do Lago Dourado entre 1998 e 2000. A Secretaria Estadual do Meio Ambiente também já anunciou a inclusão da área em um programa desenvolvido com foco no reflorestamento.

A perigo
A realidade do Rio Pardinho foi retratada pela Gazeta do Sul do último dia 19 de abril. A reportagem mostrou que ao longo do manancial existem diversos problemas agravados pelo avanço das lavouras. O mais sério deles é o assoreamento das margens. Outra situação preocupante é o esgoto jogado diretamente das casas sem receber tratamento. Áreas que haviam sido reflorestadas nos últimos anos em campanhas ambientais também foram devastadas.
 
(Por Dejair Machado, Gazeta do Sul, 28/05/2008)


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