Pesquisador do Inpe diz que bom momento econômico pode ter estimulado devastação.
Atlas dos Remanescentes Florestais mostra que Mata Atlântica está reduzida a 7,26%.
Investimentos em agropecuária e o crescente cenário de especulação imobiliária podem ser os grandes vilões do desmatamento no Brasil, segundo o pesquisador Flavio Ponzoni, coordenador do Atlas dos Remanescentes Florestais da Mata Atlântica, pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).
De acordo com dados do Atlas, divulgado pela Fundação SOS Mata Atlântica e pelo Inpe nesta terça-feira (27), a Mata Atlântica está reduzida a 7,26% de sua área original, correspondente a 1,3 milhão de quilômetros quadrados.
Em termos de área, Santa Catarina é o estado que mais desmatou entre os anos de 2000 e 2005. Já Goiás teve o maior desmatamento em relação ao total de área de Mata Atlântica em seu território.
Para Ponzoni, o bom momento econômico que vive o país pode ter estimulado investimentos e, por conseqüência, o desmatamento de áreas principalmente nos estados de Santa Catarina, Bahia, Paraná e Minas Gerais, que se destacam entre os que mais desmataram no período da pesquisa. “A expansão da agropecuária e a especulação imobiliária, com condomínios de luxo em grandes áreas verdes, associadas ao afrouxamento da fiscalização devem ter causado o aumento de áreas desmatadas”, afirma.
Em outras áreas do país, no entanto, ainda de acordo com o Atlas, entre 2000 e 2005, houve uma redução de 69% nas áreas desmatadas, se comparadas áreas do período entre 1995 e 2000. Apesar do resultado aparentemente positivo, o número, segundo Ponzoni, ainda não pode ser comemorado.
“Os cálculos consideram apenas áreas com mais de 3 hectares, que não têm grande influência no bioma, e áreas com mais de 100 hectares que, se desmatadas, podem causar grandes prejuízos aos ecossistemas presentes na região. Os cálculos ignoram, no entanto, áreas com menos de 3 hectares”, diz o especialista.
Segundo Ponzoni, por meio das imagens utilizadas na pesquisa não é possível detectar se áreas com mais de 100 hectares, que já são registradas, se expandem em pequenas áreas com menos de 3 hectares, o que pode tornar impreciso o dado de 69% de redução no desmatamento.
(G1, 27/05/2008)