Além de continuar ocupando a Funasa de MT, grupos fizeram manifestações em MS, PR e MG
Protestos de índios de diferentes etnias foram registrados ontem no Paraná, em Mato Grosso, em Mato Grosso do Sul e em Minas Gerais. Em Dourados (MS), a 220 quilômetros de Campo Grande, um grupo de 27 caciques fechou ontem a sede da Funai (Fundação Nacional do Índio). Eles querem a demissão da administradora regional do órgão, Margarida Nicoletti, e a nomeação de um indígena para o cargo.
Em Cuiabá (MT), a sede da Fundação Nacional de Saúde (Funasa) continua ocupada por aproximadamente 300 índios das etnias irantxe, menqui e umutuna. Os índios reclamam da falta de repasse de verbas para a saúde das aldeias, que está atrasado devido à falta de prestação de contas da organização não-governamental Operação Amazônia Nativa (Opan), conveniada com a Funasa para prestar serviços médicos aos índios. "Não estamos tendo nenhum tipo de atendimento", reclamou o líder indígena Gilson Irantxe. O prédio foi invadido na segunda-feira, e os índios prometem ficar no local por tempo indterminado.
A sede da Funasa em Curitiba (PR) também foi invadida ontem, por um grupo com aproximadamente 50 índios de várias tribos do Paraná. Eles reivindicam a retomada do repasse de recursos para a ONG Associação de Defesa do Meio Ambiente Reimer, que não estaria recebendo dinheiro há cerca de três meses, por supostos problemas na prestação de contas. A direção da entidade afirma que as prestações foram apresentadas, mas que, mesmo assim, não estaria recebendo recursos para comprar medicamentos e pagar os funcionários.
BLOQUEIO
Em Carmésia (MG), a 208 quilômetros de Belo Horizonte, a Polícia Federal poderá ser chamada para intervir na liberação de duas carretas e duas camionetes da mineradora MMX, retidas por cerca de 150 índios pataxós na rodovia MG-232. O órgão aguarda um posicionamento da Fundação Nacional do Índio acerca da questão para saber se será necessário enviar policiais ao local.
O problema envolve a implantação de um pátio de estocagem de dutos da MMX em Carmésia, fato ocorrido há cinco meses. A obra é parte do projeto de construção de um mineroduto ligando a cidade mineira de Conceição de Mato Dentro ao porto de Conceição da Barra, no Rio de Janeiro.
Em abril, o cacique Mesaque, segundo a mineradora, informou que cobraria pedágio dos caminhoneiros da empresa. No final do mesmo mês, ele propôs não mais cobrar pedágio se a mineradora se comprometesse a doar máquinas e equipamentos agrícolas à comunidade.
A proposta foi rejeitada porque, segundo a MMX, "é incompatível com a política de atuação da empresa". A retaliação, então, tomou forma no bloqueio dos veículos da empresa, iniciada na segunda-feira.
(O Estado de São Paulo, 28/05/2008)