Ao tomar posse nesta terça-feira, o ministro Carlos Minc (Meio Ambiente) afirmou que vai trabalhar para criar uma espécie de fundo de recursos privados e públicos. Segundo ele, o fundo será destinado a financiar políticas de preservação e desenvolvimento da Amazônia.
Minc disse que irá à Alemanha conversar sobre a criação do fundo. Ele negou que a idéia ameaça a soberania da região. "Somos soberanos, mas as contribuições de fora serão bem-vindas. Vamos nos relacionar com todos. A defesa da Amazônia é uma política de governo e continuará sendo", afirmou Minc, depois de ser empossado em solenidade no Palácio do Planalto pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Segundo o ministro, em Bonn (Alemanha) conseguirá um empréstimo da ordem de US$ 100 milhões. De acordo com ele, os recursos privados e públicos em favor da Amazônia serão geridos pelo BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social).
Ecoxiita
Evitando polemizar com o governador de Mato Grosso, Blairo Maggi (MT-PR), a quem acusou de ser um dos principais empresários que devastam no país, Minc disse que participará com disposição de conversar da reunião dos governadores da Amazônia (que reúne os Estados de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Amazonas, Pará, Acre, Rondônia, Roraima, Maranhão e Amapá).
A reunião dos governadores da Amazônia, que será comandada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, está marcada para sexta-feira em Belém (PA). Além de Minc também estará presente o ministro Mangabeira Unger (Assuntos Estratégicos), que é responsável pelo gerenciamento do PAS (Programa da Amazônia Sustentável).
"Sou um 'ecoxiita' contumaz", afirmou Minc, definindo-se. "Teremos uma boa relação dentro das divergências", disse ele, referindo-se à relação que terá com alguns governadores da Amazônia que pensam de forma diferente da sua. "Serei respeitoso, mas ser respeitoso não significa concordar com posições diferentes. Sou um 'ecodesenvolvimentista'. Vamos continuar brigando [no bom sentido]."
Idéias
Minc afirmou também que está decidido a autorizar o Ibama a promover leilões dos bens daqueles que forem julgados por prática de crime ambiental. Segundo ele, os recursos obtidos via leilões serão utilizados em favor das áreas de preservação.
Segundo o ministro, será feita uma espécie de "mutirão" com o Incra em busca da legalização das terras em que há produtores agrícolas. De acordo com ele, a idéia é autorizar a liberação de crédito, depois de regularizadas as terras.
Minc disse ter mantido contado com empresários dos setores de exportação de madeira e óleo, que são acusados de exploração irregular de determinadas áreas.
O ministro afirmou que sua idéia é utilizar as "áreas ociosas" para produção de biodiesel de tal maneira que as regiões de preservação ambiental e destinada aos alimentos não serão afetadas. Minc lembrou ainda que a produção de biodiesel pode contribuir para a redução de emissão de gases.
(Por Renata Giraldi, Folha Online, 27/05/2008)