A transnacional ArcelorMittal Tubarão (antiga CST) estará pronta para aumentar a poluição em 2009: a empresa começou na segunda-feira (26) a montagem do forno de reaquecimento do projeto de expansão da produção de suas duas usinas antigas, de 2,8 para 4 milhões de toneladas de bobinas de aço por ano. A empresa não trata os gases destas duas usinas.
Por economia, a transnacional ArcelorMittal Tubarão não construiu uma unidade de dessulfuração para suas duas primeiras usinas, uma exigência legal que burla com conivência do poder público. Com isto, provoca doenças aos moradores da Grande Vitória, cujo custo para tratamento já atinge R$ 1.650.000.000,00. Com o agravante de que muitas doenças não têm cura, como alguns tipos de câncer.
Mesmo operando sem cumprir condicionantes ambientais há 24 anos, a empresa preferiu implementar seu projeto de ampliação das usinas antigas. O maior acionista das empresas é o indiano Lakshmi Mittal e seu projeto foi licenciado em tempo recorde pelo governo Paulo Hartung.
Em comunicado, a empresa informa que "deu um importante passo no avanço do projeto de expansão do Laminador de Tiras a Quente (LTQ). Foram iniciados os serviços de montagem do Forno de Reaquecimento do LTQ, com a montagem das rampas e estruturas metálicas".
Destaca que são 1.250 toneladas de material, importado da China e Europa. "A expansão do LTQ é um investimento que compreende a instalação de um novo forno de reaquecimento de placas, bastante semelhante ao que já existe na companhia", diz a transnacional.
A empresa informou ainda que contratou "a TSA, para fornecimento do sistema de automação e controle, e a WEG, fornecedora dos equipamentos elétricos da Estação Misturadora, responsável pelo abastecimento de gás para aquecimento do forno".
Antes deste projeto de ampliação, a ArcelorMittal Tubarão foi favorecida para construir sua 3ª usina. O projeto também foi licenciado no governo Hartung. Por exigência da fábrica dos equipamentos, a 3ª usina traz acoplada uma unidade de dessulfuração. Ainda assim, agravou a poluição do ar na Grande Vitória.
As emissões das empresas Mittal juntas com a Vale ultrapassam, e muito, o que é suportável pelos moradores e pelo meio ambiente da região. A Vale tem sete usinas pelotizadoras de minério de ferro em operação e foi autorizada pelo governo do Estado a aumentar a produção em 45%, incluindo a construção de sua oitava usina, passando a produzir 39,3 milhões de toneladas anuais.
Pesquisa realizada há alguns anos pela Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) apontou que a Vale respondia por 20-25% dos poluentes do ar emitidos na Grande Vitória. A ArcelorMittal Tubarão por 15 a 20% e a Belgo por 5-8% das 264 toneladas/dia de poluentes, 96.360 toneladas/ano de poluentes.
Sobre a Grande Vitória são lançados 59 os tipos de gases, sendo 28 altamente nocivos, que provocam alguns tipos de câncer, que destroem o sistema imunológico, além de doenças alérgicas e respiratórias, entre outras doenças.
Além do passivo de R$ 1.650.000.000,00 das empresas Mittal apenas na área da saúde, os moradores da Grande Vitória gastam R$ 65.000.000,00 por ano, em média, para tratar as doenças causadas ou agravadas pela poluição da Vale. Nos seus 38 anos de produção, a Vale acumula um passivo de R$ 2.470.000.000,00.
(Por Ubervalter Coimbra,
Século Diário, 28/05/2008)