A universalização do saneamento no Brasil exigiria investimentos de cerca de R$ 180 bilhões, segundo afirmou o secretário nacional de Saneamento Ambiental do Ministério das Cidades, Leodegar Tiscoski. Ele informou que apenas 48% do esgoto produzido no Brasil são coletados, e somente 32% são tratados. Tiscoski participou nesta terça-feira (27/05) da abertura do Seminário Conservação, Uso Múltiplo e Reuso da Água e Saneamento Básico, promovido pela Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável.
Parte do dinheiro necessário, de acordo com Tiscoski, já está garantido por meio do Plano de Aceleração do Crescimento (PAC), que destinará, até o fim do atual governo, R$ 40 bilhões para o setor.
Porém, só os recursos não são suficientes para o início das obras, como informou Tiscoski. "Os estados e os municípios não estavam preparados, pois há dificuldades de gerenciamento. As empreiteiras estavam desmobilizadas, o corpo técnico e o conhecimento no setor são defasados", disse.
Mesmo assim, segundo Tiscoski, até este momento já foram contratados quase R$ 16 bilhões em projetos de saneamento.
Resíduos sólidos
Na avaliação do secretário, a Lei de Saneamento Básico (11.445/07), aprovada pelo Congresso e sancionada pelo presidente Lula, foi um passo importante para a expansão do setor. Tiscoski alertou, no entanto, que para implantar uma política de saneamento ambiental mais ampla é necessário que o Congresso vote uma política nacional de resíduos sólidos. Segundo o Ministério das Cidades, existem cerca de mil lixões espalhados pelo Brasil, oferecendo risco aos lençóis freáticos e cursos d'água.
Contra o desperdício
No seminário, também serão debatidas formas de estimular o uso de água da chuva e a reutilização dos recursos hídricos. O deputado Paulo Teixeira (PT-SP), um dos autores do pedido de realização dos debates, explicou a importância do tema. "Por exemplo: os postos de gasolina utilizam muita água tratada, mas poderiam usar água de chuva, pois têm uma base de captação grande, que é o próprio telhado do posto".
Além disso, segundo ele, é comum ver nas cidades brasileiras o uso de água tratada para lavar calçadas e regar plantas, o que pode ser visto como um desperdício.
O representante do Sindicato da Indústria da Construção Civil de São Paulo, Ricardo Pina, destacou que existe no setor uma demanda crescente por equipamentos que possibilitem a economia da água. De acordo com ele, é necessário trabalhar para reduzir os preços desses equipamentos, para que sejam usados em moradias populares.
O seminário prossegue nesta quarta-feira (28/05), com debates pela manhã e à tarde.
(Por Ana Raquel Macedo, Agência Câmara, 27/05/2008)