Autoridades chinesas devem remover 80 mil pessoas que moram próximo à montanha de Tangjiashan, depois que deslizamentos de terra provocados pelo terremoto, há duas semanas, formaram um lago que ameaça romper. A terra acumulada bloqueou o curso de um rio provocando a formação da represa que, se transbordar, poderá causar enchentes e enxurradas.
O governo estima que o lago, que fica próximo do vilarejo de Beichuan, já contém mais de 130 milhões de metros cúbicos de água represados. Na segunda-feira, mais de 70 mil pessoas já haviam sido retiradas da região.
Vítimas
Soldados chineses trabalham sem parar a fim de drenar o lago.O exército está usando tratores, escavadeiras e dinamite para abrir um canal de escoamento. Oficiais do governo afirmam que o risco de uma enxurrada é real, pois a água está represada há mais de duas semanas.
A barragem que se formou ao redor da represa é feita de lama e pedras e por isso é muito frágil, segundo informou a agência de notícias estatal Xinhua. O governo disse que não quer correr riscos e está colocando em prática os planos de contingência para evitar maiores problemas e mortes. Nesta terça-feira, o número oficial de mortos no terremoto chegou a 67.183 e os desaparecidos totalizavam 20.790.
Lagos
Os deslizamentos de terra provocados pelo terremoto e pelos tremores secundários obstruíram diversos rios criando lagos que ameaçam se romper. Somente em Sichuan, o governo está monitorando mais de 34 locais onde grandes quantidades de água estão concentradas na esperança de afastar o perigo de novas tragédias. Alguns vilarejos, no entanto, já foram inundados, como revelaram fotos de satélites. Mais de cinco milhões de sobreviventes permanecem desabrigados duas semanas após o terremoto de 8 graus e a área ainda sofre significantes abalos secundários.
No domingo, um novo tremor matou seis pessoas e destruiu outras 300 mil construções. A previsão do tempo para os próximos dias é de chuva, o que aumenta ainda mais o risco de os lagos transbordarem e as barragens se romperem. Estimativas oficiais apontam que será necessário pelo menos três anos até que a vida dos sobreviventes moradores da província de Sichuan retorne ao normal.
(BBC, Ultimo Segundo, 27/05/2008)