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2008-05-27

O X Congresso das Cidades Educadoras possibilitou a troca de experiências e resultados de cerca de 340 municípios do mundo inteiro, incluindo alguns brasileiros, preocupados com a educação continuada ao longo da vida. O próximo acontecerá em 2010, no México

Há cada vez mais oportunidades de formação, entretenimento e desenvolvimento pessoal, em cidades grandes e pequenas de todo o mundo. Lançamentos de livros, aulas de yoga,  acesso gratuito à Internet, participação em rádios comunitárias e festivais de cinema se multiplicam em Guadalajara, Changwon, São Paulo, e nos pequenos povoados do México, da Coréia e do Brasil.

É uma tendência emergente, que muitas vezes se manifesta em iniciativas individuais e de pequenos grupos, de maneira não muito organizada. Mas é também política pública de governos locais, preocupados com a educação de pessoas de todas as idades, numa formação ao longo da vida.

As cidades engajadas no aprendizado de seus habitantes, dentro e fora das escolas, se reuniram pela primeira vez em 1990, em Barcelona, na Espanha. Lá, acordaram a Carta de Princípios das Cidades Educadoras, que pode ser lida na íntegra, aqui. Todas as cidades que aderiram aos princípios e concordaram em seguir as diretrizes são consideradas educadoras.

Dezoito anos depois, em São Paulo, acontece o X Congresso das Cidades Educadoras, para continuar a troca de experiências e a partilha de possibilidades e resultados entre 340 municípios de todo o mundo.

Ivandro Tupanamirim, do Instituto de Tradições Indígenas de São Paulo; Eun-Hee Jung, reponsável pelo Centro de Aprendizagem ao Longo da Vida, da cidade de Changwon, na Coréia do Sul; e Luis Felipe Nuño, diretor de Turismo da cidade de Guadalajara, no México, mostram entusiasmos semelhantes ao falar da riqueza do encontro entre visões de mundo tão diferentes e as novas idéias educadoras que levam ao final do encontro.

Durante três dias, de 24 a 26 de abril, foram realizadas no Anhembi, conferências, sessões plenárias, workshops, fóruns, exposição em estandes, além das visitas a experiências educativas na cidade de São Paulo. Pouco se viu de exposições burocráticas acompanhadas sem muita atenção por engravatados. Pelo contrário. A maioria de mulheres, com lenços coloridos, bolsas grandes e cortes de cabelo dos mais diferentes, contagiou os homens, e os poucos que vestiam terno.

As exposições dos palestrantes eram acompanhadas com atenção, comentários positivos e negativos entre colegas na platéia e intervenções públicas. Um espaço vivo de produção de conhecimento que, na aparência, comprovava um dos eixos do encontro: "Identidade, Diversidade e Cidadania". No conteúdo, os outros dois eixos mostravam força: "A cidade como espaço de aprendizagem" e " Inclusão,  Eqüidade e Direitos". Nos pequenos relatos produzidos pela assessoria de imprensa do evento, é possível degustar alguns drops do Congresso.

"ESTAMOS NO MUNDO COM ELES"
Ivandro Tupanamirim fala português perfeitamente, mas o sotaque sugere outra língua materna. É que na infância só falava guarani, língua de sua aldeia, no Jaraguá, no perímetro urbano de São Paulo. "Imagina uma criança que não fala português chegando a uma escola onde o professor não consegue se comunicar com ela", diz Ivandro. "Sabemos que a educação é importante pra criança indígena, mas não há educação desse jeito."

Ivandro apresentou as experiências dos Centros de Educação e Cultura Indígena, os Ceci, fruto da parceria de lideranças indígenas com a Secretaria Municipal de Educação de São Paulo.

Os Ceci têm metodologia própria, com calendários definidos pelas comunidades. As atividades não acontecem só entre as quatro paredes da sala de aula, elas são vivenciadas, observadas e experimentadas em todo o espaço da aldeia. Os educadores, que também recebem formação continuada, são membros da comunidade.

A valorização da tradição e da cultura guarani é o principal objetivo dos Centros. Depois de apresentar o básico das experiências das aldeias Jaraguá "Ytu e Tekoa Pyau, Tenondé Porá e Krukutu" (ambas em Parelheiros), Ivandro mostrou alguns dos artesanatos produzidos pelas crianças, e o resultado de trabalhos de pintura e colagem realizados com elas. Diante da empolgação de quem o ouvia, Ivandro disse estar muito feliz, porque a questão indígena não está sendo esquecida. "É muito bom ver que estamos no mundo com eles."

SUCESSO ESTATÍSTICO
Com cerca de 500 mil habitantes, a cidade de Changwon, na Coréia do Sul, tem o maior programa de "lifelong learning" do país, e um dos maiores do mundo. Em 1995, os legisladores locais criaram uma lei para regulamentar a chamada educação continuada ao longo da vida, estabelecendo 130 instituições responsáveis por essa tarefa, junto com as 99 escolas da cidade. Hoje, 98,99% da população aprova as iniciativas da cidade educadora e 84,5% manifesta desejo por formação.

São 326 programas de esportes, 72 de alfabetização de adultos, 442 de formação artística e musical, 38 de tecnologias da informação e da comunicação, 85 de línguas estrangeiras. Além das especificidades de cada currículo, todos eles abordam a imigração.

Por ser uma cidade rica e industrial, há muitos norte-americanos, japoneses e chineses vivendo em Changwon. O preconceito contra estrangeiros é combatido nas diversas atividades.

Uma maior integração dos imigrantes à cultura local e o exercício dos direitos dos estrangeiros são conquistas indiretas dos projetos de "lifelong learning" da cidade. Mas, segundo o governo municipal, a comunicação com os cidadãos tornou-se mais efetiva, problemas familiares e conflitos de gênero diminuíram e o desempenho escolar de crianças e jovens melhorou.

ANTROPOFAGIA
Para Eun-Hee Jung, reponsável pelo Centro de Aprendizagem ao Longo da Vida de Cangwon, além do investimento do Estado, a interação entre as diferentes instituições de ensino, o governo e a população da cidade é a chave do sucesso dos programas. A rede de aprendizado municipal é construída por redes ativas de educadores, centros de informação de aprendizagem, instituições de ensino e o contato com experiências internacionais.

Afirmação defendida por David de Ugarte, economista, sócio-fundador da Sociedad de las Indias Electrónicas, em Madrid, Espanha, tanto em seu livro "O poder das redes", quanto na palestra que proferiu no Congresso, a última antes do encerramento. "Só quem tem estrutura de rede pode aprender: desde o cérebro humano aos ecossistemas, organismos e partes de organismos", disse David. "O que todo o conhecimento novo sobre redes sociais tem a oferecer pra quem quer reproduzir características de cidades educadoras?", provocou.

No livro, publicado este ano no Brasil, pela EdiPUC-RS, David defende que as redes de transmissão da informação têm se transformado e se ampliado com as mudanças tecnológicas. "Tudo isso implica pensar nas relações sociais, na dialética da interlocução com os outros, de uma maneira completamente nova, uma maneira na qual há um número indeterminado de agentes ativos, de posições, de identidades. Viver e comunicar em rede supõe previamente aceitar e viver na diversidade".

É na diversidade promovida pela rede que, na palestra, ele aposta. "Os animais imaginários do nacionalismo, do etnocentrismo, da 'nossa língua em perigo', das 'nossas tradições em perigo' são os grandes inimigos do interagir das pessoas. E a democracia é exatamente esse interagir", disse. "Para a cidade-rede aprender e ser uma cidade educadora, é preciso ocupar as ruas com as pessoas e praticar antropofagia contra esses animais imaginários."

O XI Congresso Internacional das Cidades Educadoras acontecerá em Guadalajara, no México, em 2010. Luis Felipe Nuño, diretor de Turismo da cidade, comemora: "Será o segundo encontro em um país do sul. Simbolicamente, nos dá força para continuar a luta contra a baixa qualidade da educação, o analfabetismo e a pobreza." Que assim seja.

(Por Bianca Santana, Planeta Sustentável, 26/05/2008)


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