A Petrobras corre contra o tempo para não ter de devolver áreas de exploração de petróleo e gás na região do pré-sal da bacia de Santos à ANP (Agência Nacional do Petróleo). Por isso, adiou testes de produção de óleo de novas descobertas e priorizou o uso de suas sondas para perfurar novos poços.
Segundo o diretor de Exploração e Produção da Petrobras, Guilherme Estrella, a estatal tem até o final do ano para anunciar descobertas no pré-sal e apresentar os planos de desenvolvimento das reservas à ANP. Para cumprir os prazos, a companhia optou por alocar os equipamentos no trabalho de perfuração.
Por causa dessa mudança de foco, diz, a companhia não vai realizar um teste de produção marcado para este mês no campo de Carioca. Nessa área, haveria uma reserva de 33 bilhões de barris de petróleo, segundo declaração do diretor-geral da ANP, Haroldo Lima, que citou como fonte relatórios de bancos e artigos publicados na imprensa internacional.
A carência de sondas é um dos principais problemas da companhia, que decidiu encomendar prioritariamente à indústria nacional 40 unidades de perfuração até 2017.
Refinaria e preço
O presidente da Petrobras, José Sergio Gabrielli, afirmou que a refinaria "premium" (que produzirá derivados de melhor qualidade) deverá ficar mesmo no Maranhão, conforme antecipou em entrevista à Folha. Prevista para 2014, a unidade terá capacidade para processar 500 mil barris/dia.
Gabrielli comentou a escalada do preço do petróleo e afastou o risco de uma alta fora de controle, embora tenha alertado para problemas geopolíticos e a influência de movimentos especulativos. "O crescimento da oferta está dentro do previsto, em torno de 1,8%, e o crescimento da demanda mundial está nesse nível. Mas um elemento importante da volatilidade nas variações de curto prazo do preço do petróleo decorrem muito mais da entrada e saída de capitais financeiros do que de fundamentos do mercado do petróleo."
A Petrobras também informou ontem a descoberta de petróleo e gás a 2.286 metros de profundidade no campo de Stones, no setor americano do Golfo do México Central, em parceria com a Shell (35%), Marathon (25%) e Eni (15%).
(Folha de São Paulo, 27/05/2008)