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raposa serra do sol amazônia marina silva
2008-05-27

Na semana passada, o senador Mozarildo Cavalcanti (PTB-RR) foi à tribuna do Senado reclamar, pela enésima vez, da demarcação contínua da terra indígena Raposa Serra do Sol. O parlamentar defende a divisão da reserva em "ilhas" e a permanência dos arrozeiros dentro da área.  Nessa entrevista ao jornal A Crítica, Mozarildo explica por que é contra a demarcação da reserva de forma contínua; discorre sobre o conflito entre índios e não-índios e faz uma análise nada amigável da atuação da ex-ministra do Meio Ambiente Marina Silva.

A Crítica - Há alguma etnia contrária à demarcação contínua da Raposa Serra do Sol?

Mozarildo - Das quatro instituições indígenas lá existentes, somente o Conselho Indigenista de Roraima (CIR), o filhote do Cimi, ligado à Igreja Católica, é favorável à demarcação contínua e as outras três, Sodiur, Alidicir e Arecom, são contrárias.

A Crítica - Por que o senhor é contrário à demarcação das terras indígenas de forma contínua?

Mozarildo - Eu fui presidente da Comissão Temporária Externa do Senado, cujo relator foi o senador Delcídio Amaral.  Nós propusemos uma demarcação contínua no que tange os limites externos.  Os contornos externos da reserva Raposa Serra do Sol permanecem os mesmos, mas a gente exclui do miolo da reserva as vilas e as pequenas propriedades.  Ao invés de demarcar a área indígena em ilhas, está-se demarcando de forma contínua e criando ilhas de não-índios.

A Crítica - Esse tipo de demarcação não acirraria mais os conflitos entre índios e não-índios?

Mozarildo - Pelo contrário.  Os conflitos deixariam de existir porque estaria definido que a área "x" seria do pessoal do CIR; as estradas federais, estaduais estariam garantidas e haveria o domínio de uma instituição sobre a área.  Os índios da Sodiur teriam sua liberdade como querem.

A Crítica - Qual a sua expectativa em relação à decisão do SFT sobre o tipo de demarcação da Raposa Serra do Sol?

Mozarildo - Qualquer que seja a decisão do STF, a Polícia Federal vai ter que ficar lá permanentemente porque o conflito não é só inter-étnico, mas intra-étnico também.  Os índios não aceitam um posicionamento uniforme, muito menos aceitam o comando do Conselho Indigenista de Roraima.  O laudo que demarcou a reserva é totalmente falso e quem comprovou isso foi a Justiça Federal de Roraima no inquérito oriundo de uma ação movida pelas pessoas que contestaram a primeira demarcação.  Nenhum documento falso pode gerar direitos.  Eu não tenho dúvidas que o Supremo vai lidar no nascedouro essa demarcação.

A Crítica - Por que a Assembléia Legislativa de Roraima aprovou uma moção de repúdio contra o ministro da Justiça Tarso Genro e que pode vir a ser persona non grata no Estado?

Mozarildo - Da minha parte já o é.  Ele nunca foi a Roraima depois que assumiu para discutir com as partes envolvidas tanto índios quanto não-índios que pensam de maneira diversa; não foi encontrar uma forma que pudesse resolver consensualmente o problema.  Agora, no dia em que os índios do CIR invadiram indevidamente uma fazenda (a do prefeito de Pacaraima e um dos principais arrozeiros interessados na demarcação em ilhas) que está sub-judice e foram também indevidamente recebidos da forma que foram, aí ele (Tarso Genro) foi para demonstrar autoridade e prender o prefeito proprietário da fazenda.  Ele afronta o Estado de Roraima.  Foi lá sem avisar o governador, sem dar satisfação a ninguém, como, se realmente, Roraima não tivesse dono.

A Crítica - O senhor pediu que a moção de repúdio e o título de persona non grata sejam estendidos ao presidente Lula.  Por quê?

Mozarildo - Porque você ficar combatendo os empregados e deixando patrão isento da responsabilidade de nada adianta.  Quem está fazendo tudo isso é o presidente Lula.

A Crítica - Qual sua opinião sobre a saída da senadora Marina Silva do do Meio Ambiente?

Mozarildo - A ex-ministra Marina Silva pode ter um monte de boas intenções, mas ela tem uma visão acreana da Amazônia.  Ela pensa que a Amazônia é igual ao Acre e não é.  Tem uma visão de Chico Mendes, de seringueiro.  Ela tem uma visão miúda e talibânica da Amazônia porque ela acha que é aquilo e tem que ser, tudo pra fazer média com o esquema internacional.

(Por Antônio Paulo, A Crítica, Amazonia.org.br, 26/05/2008)


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