O werken (porta-voz) da comunidade Mapuche "Pepiukelen", Francisco Vera Millaquén, esteve numa intensa semana de reunião na Noruega, onde apresentou aos parlamentares, empresários e diplomatas a pouca preocupação ambiental, sanitária e trabalhista com a que atuam as companhias de salmão de capital nórdico no Chile. Além disso, esteve em um encontro com representantes do povo Sami, que mora nesse território.
"A indústria de salmão no Chile, progressivamente, começou a gerar problemas ao povo Mapuche e, em diferentes lugares, as companhias nacionais e multinacionais não respeitaram o direito internacional indígena, e precisamente isso foi o que reclamamos na Noruega", disse Vera Millaquén a Ecoceanos News.
Acrescentou que "Noruega foi o primeiro país a assinar o Convênio 169 da OIT, sobre direitos indígenas, e nós solicitamos aos empresários e ao governo norueguês que faça extensivo este cumprimento a suas empresas, que operam fora do território norueguês. Não queremos dois padrões".
"Os empresários nórdicos e setores do governo da Noruega dizem que eles cumprem com a Lei chilena em todos os aspectos, mas nós dizemos que essa não é a desculpa para não elevar os padrões e ser melhores. As empresas norueguesas devem ter o mesmo comportamento ambiental, sanitário e social tanto na Noruega como no Chile", acrescentou Vera Millaquén.
O werken participou de reuniões com Heikki Holmås, integrante do Comitê de Finanças do Parlamento norueguês e com Inge Marthe Torkilsen, parlamentar do Comitê de Meio Ambiente, a quem chamou a trabalhar para que as empresas nórdicas apliquem "o mesmo padrão que exigem em seu próprio país, especialmente considerando que o Estado chileno não valoriza os direitos indígenas e seus padrões ambientais são muito frágeis".
Vera Millaquén também participou na reunião de acionistas da companhia Mainstream Cermaq, a qual 43% pertence ao Estado Norueguês. A esses empresários, o werken Mapuche disse que "os fatos que estão acontecendo no sul do Chile, o terremoto no Aysén ano passado e a erupção do vulcão Chaitén são sinais da natureza, são sinais de rechaço ao modo como se está usando os rios, as costas e o mar".
"É por isso que, como integrante do povo Mapuche, solicitamos a esses empresários que mudem sua forma de atuar, pois não podem usar o mar e seus recursos de forma tão depredatória, não podem continuar contaminando, tal como o fazem agora. Os noruegueses entendem dessas coisas e têm o dever ético de mudar sua maneira de se comportar no Chile", disse Millaquen.
(Ecoceanos, Adital, 26/05/2008)