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biocombustíveis cop/cdb
2008-05-27
Em seu meio-tempo, a conferência de duas semanas sobre biodiversidade que a ONU realiza na Alemanha fez progresso suficiente para evitar o total fracasso

Biocombustíveis fazem do Brasil alvo de ambientalistas. Mais de 6 mil delegados de 200 nações debateram e estudaram atentamente toneladas de documentos da 9ª Conferência das Partes da Convenção sobre Biodiversidade da ONU (COP9), que acontece em Bonn. Após uma semana, conseguiu-se isolar questões que dividem os conferencistas.

Apesar de um mínimo de progresso, ainda não se chegou a um acordo quanto a uma ação decisiva para evitar a destruição de espaços naturais virgens, como as florestas tropicais. As conversas atraíram a atenção do grande público e trataram da exploração dos recursos naturais em benefício de poucos. Sigmar Gabriel, ministro alemão do Meio Ambiente e presidente da conferência, afirmou que a sobrevivência de bilhões de pessoas depende das resoluções do encontro, e que a maioria das autoridades governamentais elogiou a atmosfera "construtiva" nos debates.

Muitos elogios para os anfitriões alemães
Ahmed Djoghlaf, secretário-executivo da Convenção sobre Dioversidade, foi generoso no seu elogio aos alemães e ao ministro Gabriel pela sensata gestão das negociações. Conseguir a anuência de todas as nações é uma tarefa gigante, afirmou. Assim como a conferência sobre mudanças climáticas da ONU, o pacto em torno da biodiversidade requer uma tomada de decisão "consensual" por parte dos 191 países sob a égide das Nações Unidas.

Muitos críticos em Bonn sugeriram de forma sutil que este método de tomada de decisões seria quase impossível de pôr em prática, mas ninguém propôs abertamente a alternativa de votar e deixar que a maioria decida. Perguntados sobre o assunto, os organizadores da conferência contraíram os ombros e disseram: "Se começássemos um debate sobre a tomada de decisões pela maioria, nós não veríamos nunca o seu fim".

Erradicação da biopirataria é questão-chave
Uma das questões-chave na conferência tem sido como ter acesso aos recursos naturais de que a humanidade precisa e, ao mesmo tempo, indenizar países pobres, por exemplo, pelo uso de espécies únicas de plantas medicinais. Em Bonn, houve algum progresso no estabelecimento de um "guia" para conversações futuras sobre a questão. Tal guia poderia levar a um tratado a ser adotado pela próxima conferência sobre biodiversidade em Nagóia, no Japão, em 2010.

Sigmar Gabriel afirmou que tanto as nações em desenvolvimento como as industrializadas serão beneficiadas através de regras básicas claras de divisão do lucro com as nações pobres.

Bombardeio a plano de rede de reservas naturais
Enquanto isso, a idéia da criação de uma rede mundial de reservas naturais em terra e no mar causou antagonismo. Fontes das delegações afirmam que as chances de um acordo são poucas. O grupo ativista ambiental Greenpeace alegou que o mundo industrializado não quer pagar a conta. Nações em desenvolvimento declararam que não têm condições de criar reservas sozinhas. Como solução, Gabriel propôs uma Life Web (rede da vida), na qual nações mais pobres ofereceriam determinadas regiões para adoção e nações ricas enviariam dinheiro para convertê-las em reservas. Algumas ofertas deste tipo já foram feitas em Bonn.

Brasil não deve ser tratado como agressor
Como esperado, o prejuízo ambiental causado pelas plantações de biocombustíveis tem sido um ponto de controvérsia. O ministro Gabriel mencionou o encontro em Bonn como a primeira conferência internacional a debater o problema emergente. "Isto é, em si, um sucesso e uma abertura de caminho", afirmou o ministro.

O Brasil foi o país que mais fortemente questionou se a conferência tem alguma autoridade para discutir a questão, argumentando que isto não estava no âmbito de uma conferência sobre biodiversidade. No final, o Brasil concordou em discutir o tema, mas insistiu que o país não deve ser tratado como um agressor. Os delegados em Bonn concordaram que diretivas ecológicas devem ser delineadas para demonstrar como os biocombustíveis podem ser plantados de forma benéfica.

Ambientalistas têm biocombustíveis como alvo
Ativistas ambientais fizeram do comércio de biocombustíveis o seu alvo de ataques e exigiram uma proibição das plantações. Os críticos argumentaram que estas devastariam as florestas, destruiriam plantas que poderiam ser úteis de outra forma e negariam o acesso da comida aos famintos.

Com a proximidade do fim da conferência, a velocidade das conversações deverá aumentar nesta semana com a chegada de mais de cem ministros do Meio Ambiente de diferentes países que comandarão suas delegações na fase de alto escalão de quarta a sexta-feira próxima.

Ativistas ambientais esperam que a chanceler federal alemã Angela Merkel, também uma antiga ministra do Meio Ambiente, apresse as conversações quando falar no encontro de Bonn, talvez através de um apelo veemente por ação ou através de uma promessa de fundos.

(Blog do Planeta, DW World, 27/05/2008)


 

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