Protestantes reivindicam condições de infra-estrutura para construção de moradias
Moradores do Loteamento Esperança, no bairro Operária, estão deixando suas casas em direção ao Loteamento Morada do Sol, próximo à Usina de Reciclagem do município. O loteamento Esperança, invadido há quase dez anos, abriga 56 famílias. Dessas, 28 permanecem no local e as demais já se transferiram para outra área, também invadida.
Conforme o operador de empilhadeira, Juarez Lissaraça, 28 anos, que mora há dois anos e seis meses no loteamento Esperança, em reunião realizada na última semana com os moradores e com o representante da Coordenação Estadual do Movimento Nacional de Luta pela Moradia, Ivo Alves Souza, ficou acertado que os moradores deveriam deixar a área e se dirigir para outro terreno.
Mas o novo local, segundo Lissaraça, não oferece nenhuma infra-estrutura de água, esgoto e energia elétrica. Segundo ele, na tarde de domingo, três caçambas e uma retroescavadeira entraram no loteamento para aterrar os locais onde as casas estavam sendo retiradas pelos moradores para evitar novas invasões.
“Não estamos nos negando a sair do Esperança, mas queremos ir para uma área plana, com infra-estrutura, e que tenha escola e linha de ônibus por perto. Não queremos nada de graça, nos propomos a pagar uma taxa mensal para permanecer em um local com condições adequadas de moradia’’, afirmou.
Há quatro anos, a industriária Sirlei Soero, 29, que mora há dois anos no loteamento Esperança, disse que pagou o terreno no loteamento Bem Viver, mas, segundo ela, está aguardando a conclusão das obras para se mudar para o local. “Não há por que sair daqui agora e invadir outra área’’, disse.
Conforme Ivo Alves Souza, o movimento apóia a saída dos moradores em direção a outro local porque o espaço é reivindicado pela comunidade do bairro para que seja construído uma área de lazer. “Em 1999, o local foi invadido e, em acordo com o município, ficou acertado que assim que as famílias tivessem condições desocupariam a área”, diz. “Então as famílias se organizaram e criaram a cooperativa Bem Viver.” Há quatro anos, os moradores da primeira invasão já estão morando no seu próprio espaço. “Mas o local continuou sendo invadido por outras pessoas.”
Segundo o secretário de Obras de Campo Bom, Faisal Karam, a prefeitura aguarda a saída dos moradores do Loteamento Esperança para iniciar as obras de um centro de lazer para os moradores do bairro Operária, que é uma reivindicação antiga da comunidade.
Conforme o secretário, a prefeitura vai pedir esta semana a reintegração de posse do novo local invadido desde a última sexta-feira, para recuperar a área, que pertence ao município. “Entendo que esta é uma questão social, mas a prefeitura não dispõe de local para abrigar essas pessoas que, em sua maioria, não são de Campo Bom, mas de outras cidades’’, disse o secretário.
(Jornal NH, 26/05/2008)