Organizações sociais ligadas ao setor do meio ambiente realizam campanha na tentativa de impedir o plantio de árvores transgênicas. Ao todo, 137 entidades de 34 diferentes países da Europa, América e Ásia exigem junto a organismos internacionais, entre eles a Organização das Nações Unidas (ONU) que seja mantido o princípio de precaução e a proibição implementada na Eco 92, realizada no Rio de Janeiro.
O tema tem sido amplamente discutido na 9ª Reunião da Conferência das Partes da Convenção sobre Diversidade Biológica da ONU, a COP-9, que prossegue até o dia 30 de Maio na cidade de Bonn, na Alemanha. Em entrevista à Rádio Mundo Real, o membro do Comitê Editorial da Revista Biodiversidade, Carlos Vicente, explica que o perigo de contaminação das árvores transgênicas é maior do que no caso das sementes geneticamente modificadas.
“No caso das árvores é pior porque o pólen das árvores viaja milhares de quilômetros. Assim, os genes das árvores transgênicas ultrapassam todas as fronteiras e contaminam qualquer outro tipo de planta”, afirma. O ambientalista explica que a liberação do plantio de árvores transgênicas tem ganho força junto ao setor de biocombustíveis. Empresas, entre elas a Aracruz, realizaram estudos em que mostram que árvores com baixa quantidade da substância lignina permitem produzir álcool a partir da celulose com custo menor do que outras matérias-primas, como a cana-de-açúcar.
O combustível, chamado de biocombustíveis de segunda geração, tem tido grandes incentivos nos Estados Unidos. No entanto o perigo, diz Carlos, é redobrado, já que as árvores para produção de biocombustível serão cultivadas em monoculturas. “As árvores transgênicas, obviamente, serão cultivadas em grandes extensões de terra, somando às ameaças dos transgênicos e ao uso de agrotóxicos, que certamente virá acompanhado, pois já estão sendo estudadas árvores resistentes aos herbicidas. Ainda há o risco das árvores sugarem muita água e desalojarem os agricultores”, diz.
Mais informações sobre a campanha podem ser obtidas na página de internet do Movimento Mundial pelas Florestas
(Por Raquel Casiraghi, Agência Chasque, 26/05/2008)