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impactos mudança climática
2008-05-26

Os corais serão só primeiros ecossistemas a entrar em colapso nesta era histórica devido às mudanças climáticas, segundo pesquisadores reunidos em uma conferência científica que termina hoje na cidade espanhola de Gijón. O aquecimento global aumenta a temperatura dos oceanos e os deixa mais ácidos, o que os deixa inabitáveis para os corais e outras espécies marinhas. Não são os únicos ecossistemas em risco: outros regionais são afetados atualmente.

Águas ácidas ou corrosivas foram detectadas pela primeira vez na plataforma continental da costa oeste da América do Norte, o que representa uma séria ameaça para as reservas pesqueiras, disse em Gijón o oceanógrafo Richard Feely, da Direção Nacional do Oceano e da Atmosfera dos Estados Unidos. Mais de 450 cientistas de aproximadamente 60 países participam desde segunda-feira deste encontro intitulado “Efeitos da mudança climática sobre os oceanos do mundo”. Os informes a respeito foram conhecidos ontem, Dia Mundial da Biodiversidade. “As águas superficiais da costa de São Francisco têm concentrações de dióxido de carbono que não esperávamos ver, pelo menos, nos próximos cem anos”, disse Feely à IPS.

Durante centenas de milhares de anos os níveis de dióxido de carbono no oceano e na atmosfera se mantiveram estáveis, mas nos últimos 150 anos a queima de combustíveis fósseis e o desmatamento elevaram a presença desse gás na atmosfera. Os oceanos absorveram um terço (cerca de 130 bilhões de toneladas) dessas emissões humanas, o que elevou sua acidez em 30%. Isso ocorre porque as moléculas desse dióxido de carbono extra formam ácido carbônico ao se unirem a íons de carbonato na água marinha. Diariamente os oceanos absorvem 30 milhões de toneladas de dióxido de carbono, aumentando gradual e inevitavelmente sua acidez e deixando menos carbonato de cálcio na água para que corais e outras espécies, como o fitoplâncton, cresçam ou mantenham seus esqueletos.

Na costa oeste da América do Norte as águas oceânicas mais profundas fluem normalmente para a plataforma continental, na primavera e no verão. No último verão boreal, Feely e seus colegas pegaram amostras de água na costa, do Canadá até o México. Para sua surpresa, encontraram grandes “piletas’ ou “bancos” de água corrosiva. Estes contingentes de águas profundas estiveram absorvendo dióxido de carbono por milhares de anos, e normalmente são mais ácidas, mas os níveis encontrados foram muito mais elevados e muito mais próximo da costa do que o previsto.

Esta é a primeira evidência de que um grande setor da costa oeste norte-americana é impactado pela acidificação oceânica, guiada pela mudança climática, escreveram Feely e seus colegas no documento publicado na quinta-feira passada na revista cientifica Science. “Outras regiões de plataformas continentais também pode ser impactadas”, afirmaram. De fato, Feely disse à IPS que há evidência de que o mesmo processo ocorre ao longo da costa oeste da América do Sul. “Há impactos provavelmente enormes, mas este é novo e ninguém ainda observara”, acrescentou.

As plataformas continentais figuram entre as regiões oceânicas mais produtivas, e são as mais fáceis para pescar. Os poucos estudos que analisam o efeito da administração dos oceanos concluíram que muitas espécies não podem sobreviver a estas novas condições. A variedade de estrela do mar Ophiotpteris papillosa (conhecida pelo nome em inglês “brittlestar”) morre em oito dias, e algumas jovens não podem formar suas conchas quando duplicam os níveis de dióxido de carbono, explicou Feely. No último verão boreal, em parte das águas superficiais triplicou o nível normal de dióxido de carbono.

Os arrecifes de coral sustentam entre 25% e 33% das criaturas que vivem dos oceanos. Cerca de um bilhão de pessoas dependem direta e indiretamente deles para ganhar a vida. Os pássaros aquáticos e muitas espécies de pescado serão afetados pela perda de arrecifes, disse o cientista marinho Ove Hoegh-Guldberg, do Centro para os Estudos Marinhos da Universidade de Queensland, na Austrália. Quando o dióxido de carbono na atmosfera atingir uma concentração entre 450 e 500 partes por milhão, a maior parte dos oceanos será muito ácida para permitir que corais cresçam.

Temperaturas oceânicas de apenas um ou dois graus acima do normal podem não apenas descolorir os corais, mas, também, deixá-los vulneráveis a níveis de acidificação inclusive mais baixos, disse Hoeg-Guldberg, que participou da reunião de Gijón. A concentração de dióxido de carbono é hoje de 384 ppm, e aumenta muito rapidamente. Enquanto isso, as emissões de quase todos os países continuam aumentando. E, o que é pior, novas pesquisas também apresentadas em Gijón sugerem que os oceanos já não absorvem tanto dióxido de carbono como antes. Estabilizar a concentração atmosférica desse gás em menos de 450ppm agora parece impossível.

“Presenciamos o fim dos corais como uma característica importante dos oceanos”, disse à IPS Hoegh-Guldberg. A tênue esperança para os corais é que o mundo se dê conta de que a mudança climática é “uma emergência em vermelho”, assim como reduzir as emissões de carbono a zero e começar a diminuir as concentrações na atmosfera, acrescentou. “De outro modo, em 30 anos os corais serão tão finos e frágeis que quando alguém respirar sobre eles desabarão”, previu. (IPS/Envolverde)
 
(Por Stephen Leahy, da IPS/Envolverde, 25/05/2008)


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