Maior encomenda de navios da história beneficia pólo naval
Com um pólo naval pronto para zarpar, o Rio Grande do Sul deve ter ganhos com o Programa de Modernização e Expansão da Frota e de Embarcações de Apoio da Petrobras, que será lançado hoje pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A encomenda de 146 embarcações, apresentada como o maior plano de contratação do país, ganhou velocidade com as novas descobertas de petróleo na camada de pré-sal.
No segmento, o último anúncio da Petrobras havia sido a fábrica de cascos oficializada pelo presidente da companhia, José Sergio Gabrielli, durante a visita de Lula a Rio Grande, em abril. Um dos efeitos do programa será garantir a atividade no pólo naval gaúcho, que nos próximos meses completa a P-53. Outra possibilidade é concretizar um plano da construtora WTorre, dona do Dique Seco, de anexar às instalações um píer para manutenção desses barcos que prestam serviços às plataformas.
Incluído na Política de Desenvolvimento Produtivo, o plano da Petrobras era uma das 24 medidas anunciadas, mas os detalhes ficaram para a solenidade de hoje, marcada para as 12h30min no Caminho Niemeyer, em Niterói. Atualmente, estão em preparativos as licitações para afretamento de 24 embarcações de apoio às atividades de exploração e produção da estatal. Outras 122 serão licitadas nos próximos seis anos - todas construídas no Brasil.
Essa movimentação faz com que o setor de construção naval venha renascendo nos últimos 10 anos, depois de duas décadas sem encomendas de navios de grande porte. No dia 20 de maio, a Petrobras também havia antecipado a intenção de contratar 40 navios-sonda e plataformas de perfuração semi-submersíveis para operar em águas profundas e ultra-profundas. As novas unidades têm de ficar prontas até 2017.
Concessão de exploração pode ser suspensa este ano
Com as necessidades prementes em decorrência das novas descobertas na camada de pré-sal - Tupi, Júpiter, Carioca, Bem-Te-Vi - a Petrobras luta para acelerar a entrega de embarcações e, em conseqüência, a produção nos campos que essas áreas ainda vão formar. As estimativas para a concentração estão situadas na casa dos 50 bilhões de barris - um tesouro que, a preços de hoje, valeria ao menos US$ 6,5 bilhões.
Outro efeito colateral das novas descobertas é a possibilidade de que, pela primeira vez desde a abertura do setor de petróleo, em 1997, o Brasil não faça concessões para exploração e produção de petróleo e gás. Na semana passada, o diretor-geral da Agência Nacional do Petróleo (ANP), Haroldo Lima, admitiu que o prazo está ficando escasso para um leilão em 2008. Dois dias depois, o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, disse em entrevista à Bloomberg que não vê necessidade de leilão este ano. Para Lobão, o processo só deve ser retomado após a definição do novo modelo. Executivos do setor já vêem reflexos da indefinição regulatória no nível de atividade das petroleiras.
- Está tudo parado - reforça o presidente da Associação Brasileira dos Geólogos de Petróleo, Márcio Mello.
(Zero Hora, 26/05/2008)