Durante a semana passada, o Agora mostrou um pouco sobre a localidade de Santa Izabel, em Arroio Grande, que disputa com Rio Grande a instalação da fábrica da Votorantim Celulose e Papel (VCP).
Além do pequeno vilarejo esquecido pelo tempo, outra área apontada como possível localização do empreendimento é a Palma, situada no interior do Rio Grande e, assim como Santa Izabel, banhada pelo canal São Gonçalo.
Segundo o secretário municipal do Meio Ambiente, Norton Gianuca, há mais de dois anos a Votorantim comprou algumas propriedades rurais na localidade da Palma. São terras mais altas, que eram usadas principalmente para a pecuária e não para o plantio de arroz. De acordo com ele, estas terras servem tanto para o plantio de eucaliptos como para a instalação da indústria, “pois não haveria conflitos ambientais com os banhados ou outras áreas de preservação permanente”, declara.
Para Gianuca, a alta tecnologia hoje disponível e que será utilizada para a produção de celulose garante a geração mínima de resíduos, bem como a sua reutilização e reciclagem. “Ela assegura um funcionamento livre de qualquer dos problemas ambientais que ocorriam na antiga Borregard”, diz o secretário.
A instalação da indústria, caso ocorra na Palma, não irá prejudicar a atividade dos criadores, plantadores e outros moradores. Pelo contrário: eles passarão a dispor de mais facilidades de emprego, transporte, escolas, posto de saúde, comércio etc., afirma o secretário do Meio Ambiente.
Se a empresa vier a se instalar em Rio Grande, para Gianuca, não significa que a localidade de Santa Izabel irá deixar de receber alguns destes benefícios: a ponte será construída e a atual estrada de terra será asfaltada, sonhos provavelmente concretizados para permitir o transporte de matéria-prima (eucalipto) para a produção industrial da celulose.
A localidade de Palma estende-se das margens da RS-471 até Domingos Petroline, bairro do interior do Município que dispõe de melhor infra-estrutura que Santa Izabel, contando com escola, posto de saúde e autonomia econômica, já que a maioria são pecuaristas ou tiram da terra o sustento de suas famílias.
No entanto, caso a VCP se instale na região, outros empreendimentos deverão ser efetuados, como a abertura de comércio e a construção de lojas e pousadas, a fim de receber os milhares de trabalhadores esperados para atuar na fábrica.
Uma das instituições mais atuantes é a Associação de Produtores de Leite da Palma (Aplepa), que conta com cerca de 130 produtores. As propriedades de gado leiteiro vêm crescendo a cada ano, impulsionando o setor, responsável pela venda do produto ao governo do Estado.
A maioria das propriedades localizam-se na Palma e, segundo Gianuca, não serão afetas pela instalação da fábrica da VCP.
Com a construção da ponte ligando as duas margens do São Gonçalo, em Santa Izabel, o escoamento da produção será facilitado, uma vez que a distância até o Porto do Rio Grande será diminuída, no caso de Arroio Grande, quase em 60 quilômetros.
A estrada que liga a margem do São Gonçalo, em Rio Grande e com entrada pela RS-471, está em condições razoáveis, faltando apenas reparos rotineiros, enquanto a rodovia estadual está recebendo nova camada asfáltica, facilitando ainda mais a chegada de veículos até Rio Grande. São 17 quilômetros desde o São Gonçalo até a rodovia, totalizando 57 quilômetros até Rio Grande.
(Por Mônica Caldeira, Jornal Agora, 26/05/2008)