Logo que voltaram de São Paulo para sua propriedade em Anitápolis, Gabriel e Marilda Reig passaram a explorar à moda antiga sua propriedade. Derrubaram árvores para abrir espaço para pastagens e lavoura e aproveitaram as toras derrubadas para fazer carvão.
Não deu certo e quase precisaram ir embora de novo. Mas adotaram o turismo ecológico e hoje seguem prósperos a partir da preservação da mata nativa no local.
A pousada em que transformaram o sítio fica a oito quilômetros do Centro do município, que, por sua vez, está a 60 quilômetros de Florianópolis. É administrada da casa onde fica a cozinha e a mesa de refeições, de frente para o vale verde e cortado por rios. No morro à esquerda, é fácil distinguir as partes onde a mata derrubada foi substituída por pinus e onde continua a Mata Atlântica. E é essa a parte que mais interessa aos turistas.
Claro, não faltam outros atrativos, como a mão cozinheira premiada de Marilda, a proximidade com bichos de fazenda e a simplicidade confortável dos chalés. A pousada faz parte do programa Acolhida de Colono, que viabiliza a permanência de agricultores no meio rural por meio dos recursos do turismo, mas os visitantes fazem questão de percorrer as trilhas no meio da mata nativa, com bromélias e orquídeas, para conhecer as quedas dágua do rio que serpenteia por dentro da propriedade e, com alguma sorte, encontrar os tatus, macacos, pacas, cotias e outros.
Para garantir a continuidade de sua fonte de renda, ficam atentos à possibilidade de caça ali e na região. É muito raro, garante Gabriel, mas quando acontece eles chamam imediatamente a polícia. Dos hóspedes que receberam desde a inauguração da pousada, em 2001, nunca nenhum mostrou interesse no esporte. Em vez disso, preferem que sua presença seja lembrada de outra forma, com os recados que deixam no caderno de Gabriel e Marilda. Os dois mostram satisfeitos as mensagens escritas em letras desenhadas, de turistas franceses e japoneses que passaram por lá.
A maior parte dos turistas é procedente de Florianópolis. Mas também há muitos de todo o Brasil e do exterior, que descobrem a pousada pela internet. Em comum, a busca pelo contato com a natureza.
Também é da Mata Atlântica que vem o negócio de José Luiz Lima, que opera passeios de barco há 20 anos. Em Santa Catarina, um dos pontos preferidos de seus clientes é a Ilha do Arvoredo, um dos pontos mais ao leste com presença da Mata Atlântica.
- As pessoas estão cada vez mais afastadas da experiência - constata.
(Diário Catarinense
, Anitápolis, 26/05/2008)