Em setembro do ano passado enchente deixou centenas de desabrigados na região
Sistema antecipa cheias do Rio Taquari, que auxilia na evacuação das regiões ribeirinhas
Sistema de Alerta de Enchentes no CIH prevê cheias do rio. Antecipação pode auxiliar na retirada das pessoas nas áreas atingidas
Todos os anos a população do Vale do Taquari sofre com as enchentes do rio mais importante da região. Toda vez que uma chuva começa a ficar mais forte ou se prolonga por alguns dias os moradores das margens do Taquari ficam apreensivos. Na última cheia, em setembro de 2007, centenas perderam nas águas um pouco de sua história.
Um estudo na Univates de 2001, comandado por Everaldo Rigelo Ferreira, tratou das causas e medidas que poderiam ser adotadas para resolver o problema das cheias para a população urbana dos municípios atingidos. A pesquisa mostrou dados das enchentes de julho e outubro de 2001. Na época, o Rio Taquari registrou 26,95 metros, quando o normal em Estrela é de 13 metros.
Uma das maiores enchentes da história, além de desabrigar centenas de pessoas, pesou nos cofres públicos. O estudo aponta que o prejuízo da cheia de julho foi de R$ 7.602.306,00, e a de outubro, de R$ 10.875.331,58.
Após a pesquisa foi criado, em 2003, o Sistema de Alerta de Enchentes no Centro de Informações Hidrometeorológicas da Univates (CIH) em parceria com a Administração das Hidrovias do Sul (Ahsul), com recursos do Ministério dos Transportes. O sistema funciona da seguinte forma: ocorre um alerta com base na percepção de um grande volume de chuva sobre a Bacia Hidrográfica Taquari-Antas (onde está inserida a região), dessa forma a equipe pode afirmar, com a distribuição da chuva e seu volume, se vai ocorrer inundação.
"Uma vez constatado a ocorrência de um grande volume de chuva é iniciado o monitoramento dos níveis dos rios por meio de 15 linígrafos (equipamentos automáticos que fazem a leitura do nível das águas) instalados no Rio Taquari-Antas e seus principais afluentes", afirma a técnica do CIH, Grasiela Cristina Both.
Cálculo
O ponto mais a montante localiza-se em Antônio Pardo e Veranópolis. Sabendo o nível do rio nesses pontos, e também o comportamento dos afluentes, é possível fazer projeções, por meio de modelos matemáticos, do nível a ser alcançado pela enchente nos pontos de Encantado, Estrela, Bom Retiro do Sul e Taquari.
"Se a previsão é de a enchente atingir ou ficar acima da cota de inundação (nível em que começa a ocorrer alagamentos das primeiras casas) são alertadas as defesas civis locais", destaca. A informação é disponibilizada na página www.univates.br/enchentes.
Ações para evitar as enchentes
- Evitar fazer grandes pátios cimentados. Um quintal mantido com grama, horta ou árvores facilita a infiltração da água das chuvas no solo ou mesmo a retenção dessa água nas folhas das plantas;
- Se no pátio existe um córrego, devemos mantê-lo aberto e limpo;
- Quando se canaliza um córrego ou se constrói sobre ele, dificulta-se a passagem da água;
- Os esgotos domésticos não devem ser ligados às galerias pluviais;
- Não jogar papéis ou lixo nas ruas porque as bocas de lobo ficam entupidas e não podem dar entrada para a água nas galerias pluviais;
- Um lote na margem de um córrego não é um bom local para se construir uma casa. Mais cedo ou mais tarde ele vai transbordar e pode causar sérios prejuízos;
- Os loteamentos devem ter área verde nas partes mais baixas e próximas dos córregos;
- Um loteamento de uma área situada em um morro deve ser muito bem planejado porque, na maior parte das vezes, a construção de ruas e casas nessas áreas irá agravar muito as enchentes nas partes baixas.
(Por Lidiane Mallmann, O Informativo do Vale, 26/05/2008)