Paulo Fernando Rezende sofreu agressão durante evento no Pará.
Ao Fantástico, ele disse não ver culpabilidade direta dos índios.
O engenheiro Paulo Fernando Rezende, que na terça-feira (20) foi agredido por índios caiapós durante uma palestra sobre a construção da usina de Belo Monte, no Pará, disse em entrevista ao Fantástico não ver culpabilidade direta dos índios no incidente.
“Sinceramente espero que não aconteça nada com os índios. Não vejo nenhuma culpabilidade direta deles nesse assunto”, disse.
Com um corte de seis pontos no braço, Rezende relembrou o que aconteceu no dia da palestra. “Na minha apresentação, eu acho que não aconteceu nada. Simplesmente a reação da platéia - porque há movimentos que são contrários à usina - e eles aproveitaram para se manifestar me vaiando”, disse.
“Quando o terceiro palestrante estava falando, uma índia veio na minha direção, passou o facão no ar e voltou para o lugar dela. Foi aí que todos os índios começaram a cantar e dançar e vieram para cima de mim”, lembrou.
Para o engenheiro, o momento mais tenso foi quando teve sua camisa rasgada. “Eles me puxaram pela camisa e eu caí no chão. Tratei de me proteger levantando as pernas e protegendo minha cabeça. Eles aí começaram a bater com bordume e cutucar. Eu não vi que tinham acertado o facão, como foi, nem senti dor. Só depois foi que vi que tinha um corte aqui”, contou.
Naquele momento, segundo Rezende, ele percebeu que o que era uma manifestação apenas contrária ao empreendimento passou “a um ato de violência que eu não estava esperando”.
Apesar de não ver responsabilidade nos índios que participavam do evento, o engenheiro diz que acredita que haverá justiça para o ato. “Eu penso que há justiça para isso. Não juiz, nem advogado, sou engenheiro. O que a Justiça decidir, deverá ser feito.”
Segundo o engenheiro, o projeto de construção da usina de Belo Monte, que enfrenta fortes protestos de ambientalistas, terá impactos ambientais para a região e a sociedade. No entanto, acredita que é possível chegar uma conciliação entre os impactos e os benefícios do empreendimento.
“Tenho certeza [que haverá uma conciliação]. Vamos disponibilizar todas as informações e dialogar, ir na região, conversar. Tenho certeza que dialogando vamos chegar a um caminho para esse processo”, disse.
(G1, 26/05/2008)