A extensão de Mata Atlântica em Santa Catarina, mais do que motivo para comemorar, é razão para aumentar a vigilância e não pode causar relaxamento sobre o assunto, alerta o biólogo João de Deus Medeiros. As áreas mais amplas também intensificam as dificuldades de fiscalização por parte dos órgãos ambientais.
No Nordeste, cita, as florestas já foram tão devastadas que não atraem mais. Até o ano passado, Medeiros era professor no Departamento de Botânica da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Agora atua no Departamento de Áreas Protegidas do Ministério do Meio Ambiente, em Brasília.
Além disso, a divisão técnica do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) está sobrecarregada porque precisa dedicar-se também a demandas judiciais e administrativas, aponta o chefe-substituto da divisão multifuncional do órgão Santa Catarina, Gustavo Romeiro Mainardes Pinto. O resultado é a perda de qualidade, pois, após a união das divisões técnicas e de fiscalização, as autuações eram melhor embasadas.
- Quando a técnica e a fiscalização saem a campo juntos, já sai na hora o laudo técnico geo-referenciado, com imagem e toda a bagagem científica para a autuação - diz.
Ibama em SC aplicou R$ 8,1 milhões em multaSão 47 fiscais que atuam em Santa Catarina: quatro deles baseados em Chapecó (Oeste), três em Itajaí (Litoral Norte), dois em Rio do Sul (Alto Vale), um em Caçador (Meio-Oeste), um em Laguna (Litoral Sul) e os 36 demais em Florianópolis. Mas a principal ferramenta, desde o ano passado, é a sobreposição de imagens sucessivas a partir de acompanhamento por satélite, que permite aferir os dados sobre o desmatamento no Estado. O serviço, que era realizado em Brasília, passou a ser feito em Florianópolis no começo de 2008. Denúncias, sobrevôos com helicópteros e fiscalização terrestre complementam essas informações.
Em 2007, o Ibama realizou, no total, 450 autos em Santa Catarina, que totalizaram R$ 8,1 milhões. Em todo o Brasil foram 9.643 multas no valor de R$ 1,7 bilhão. O objetivo do órgão é agilizar a responsabilização sobre crime ambiental.
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Diário Catarinense, 26/05/2008)