Cooperativa vai produzir biodiesel na região a partir de um investimento de R$ 2 milhões a fundo perdido
 
Um novo projeto voltado à produção de biodiesel vai ser apresentado hoje (26) em Santa Cruz do Sul. Dessa vez a proposta é desenvolvida pela Federação dos Trabalhadores na Agricultura (Fetag), Ministério da Ciência e Tecnologia e Universidade Federal de Pelotas (Ufpel). A previsão é de que agricultores de dez municípios sejam beneficiados.

Serão investidos R$ 2 milhões, captados na Financiadora de Estudos e Projetos (Finep). Com esse dinheiro haverá o cultivo de lavouras experimentais de girassol; aquisição de miniusinas destinadas à extração de óleo vegetal e implantação de uma unidade para produção de biodiesel. Antes disso, no entanto, haverá a criação do Sistema Cooperativo de Produção de Óleo Vegetal para Biodiesel-Sul (Siscoopbio), uma espécie de cooperativa a qual os agricultores poderão se associar. Por meio dele serão definidos os locais onde ficarão as plantações experimentais e a forma de participação de cada um.

O deputado estadual Heitor Schuch (PSB), que ajudou a elaborar o projeto, explica que o objetivo é encontrar alternativas de culturas que possam ser usadas para substituir fumo ou complementar a renda dos produtores. Neste momento serão feitos estudos quanto à viabilidade da produção de combustível vegetal. Em dois anos devem ser apresentados os resultados. “Primeiro queremos saber se proporciona renda para depois definirmos se é possível ou não fazer a troca”, disse.

Para obter essas informações os organizadores pretendem manter contato com a Associação dos Fumicultores do Brasil (Afubra) e Unisc, que já realizaram experimentos parecidos. Mesmo desenvolvidos de maneira independente, os dois projetos podem se complementar, pois têm objetivos semelhantes. Eles foram concebidos a partir da ratificação da Convenção-quadro para Controle do Tabaco, em 2005, por meio da qual foram impostas medidas restritivas ao fumo. Agora, com recursos obtidos junto ao governo federal, passam a ser procuradas atividades complementares de ganhos para quem vive na região fumageira.

Até agora nenhum dos trabalhos foi concluído. No caso do mantido pela Afubra, foram plantadas áreas com girassol e ocorreu a extração de óleo vegetal. A Unisc, por sua vez, está preparando uma unidade para fabricar o combustível. Nesse não existe, no momento, a pretensão de implantar uma grande usina. Já o Siscoopbio quer incentivar a atividade industrial. Para isso, contudo, serão necessários cursos para capacitação das famílias. “Plantar todos sabem. O que queremos é repassar informações sobre como deve ser feito o trabalho na operação das máquinas e também na gestão do negócio”, salientou.

(Por Dejair Machado, Gazeta do Sul, 26/05/2008)