Rio Grande - A necessidade de ampliar a frota de navios de petróleo e gás no País, somada à disponibilidade de área e à posição privilegiada do porto de Rio Grande, faz com que haja interesse de novos investimentos do setor naval. Um grande grupo multinacional estaria disposto a construir um novo dique seco ou um estaleiro na cidade.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva participa hoje (26), em Niterói, Rio de Janeiro, do lançamento do Programa de Modernização e Expansão da Frota e de Embarcações de Apoio da Petrobras - o maior plano de contratação de embarcações já realizado no País. Esse programa deve gerar disputas pela construção de embarcações.
É de olho nesse potencial que o grupo pretende se instalar em Rio Grande. O nome está sendo mantido em sigilo pelo Governo do Estado. Questionada sobre a possibilidade de um estaleiro vir para Rio Grande, no dia 17 deste mês, a governador Yeda Crusius foi enigmática. “Puxa, como vocês sabem?”, limitou-se a dizer. Mas as palavras seguintes de Yeda não esclareceram o que os jornalistas queriam saber durante entrevista coletiva na área onde a Aracruz Celulose vai construir um terminal marítimo, em São José do Norte.
Outras posições
O deputado federal Cláudio Diaz (PSDB), figura muito ligada ao Governo do Estado, explica que qualquer informação pública sobre negociações poderia atrapalhar a vinda de empresas para Rio Grande. Ele não nega que a posição geográfica do município tem despertado interesse de grupos da área naval. Garante, no entanto, que o Governo tem trabalhado para trazer ao Estado novos investimentos, mas sem muito alarde.
O diretor da Superintendência do Porto (SUPRG), Sinésio Cerqueira Neto, informa que há espaço no porto para a instalação de um novo dique seco. Segundo ele, só não poderia ser do mesmo tamanho do atual, mas utilizado para a construção e reparo de navios, como os que a Petrobras quer com o Programa de Modernização e Expansão da Frota e de Embarcações de Apoio. “Será ótimo que mais empreendimentos venham para cá”, resume o superintendente, que assegura nada saber sobre possíveis negociações.
Para o diretor, se Rio Grande tem uma capacidade limitada, em São José do Norte há áreas em abundância. “Há investimentos sendo realizados do outro lado do canal”, lembra.
Tamanho
A infra-estrutura completa do dique seco de Rio Grande compreende uma área de aproximadamente 500 mil metros quadrados. Somente o dique (onde serão construídas e reparadas as plataformas) possui 350 por 130 metros de área e profundidade de 14 metros. No local, estão em construção oficinas para processamento de até 12 mil toneladas de aço por ano e dois cais de acabamento, sendo um de 150 e outro de 350 metros de comprimento.
Parceria
O grupo WTorre negocia com cinco empresas do setor, com capital de origens asiática, norueguesa, espanhola e brasileira, parcerias para o fornecimento de material para a construção e reparo de plataformas oceânicas. A intenção é também a administração de estruturas como o dique.
(Por Luiz Eduardo Baquini, Diário Popular, 26/05/2008)