O biocombustível tem sido defendido por muitos países, e principalmente pelo Brasil, como uma alternativa sustentável de matriz energética. No entanto, em sua maior parte, é produzido a partir de alimentos como a soja e a cana-de-açúcar, o que tem provocado polêmica mundial devido à recente crise alimentar enfrentada em conseqüência da alta do preço dos gêneros alimentícios, em que os biocombustíveis vêm sendo acusados de serem os principais responsáveis.
Dessa forma, na Grande Vitória, ao serem inquiridos acerca dessas questões, uma parcela expressiva dos entrevistados (80%) afirma ter acompanhado a alta de preços dos alimentos nos últimos meses. Desses, o maior percentual é de Vitória, com 83% , e o menor o de Vila Velha, com 75%. Entre os que afirmaram que não acompanham os preços, a classe C é a que possui o maior percentual, com 18%.
Contudo, mesmo com a maior parte dos entrevistados acompanhando o preço dos alimentos, a maioria (64%) não soube explicar o motivo do encarecimento ou apontou outros motivos que não os tradicionalmente veiculados na mídia em geral. Dentre as outras alternativas de resposta, a quebra de safras, com 19% e o aumento do salário mínimo (13%), foram os mais citados como o motivo da alta do preço dos alimentos. A alternativa menos escolhida foi a relacionada à produção de biocombustíveis, com apenas 1,7%.
O fato de a minoria dos entrevistados ter apontado os biocombustíveis pode também estar relacionado com o seu desconhecimento do assunto (54%), em contraposição a 46% que conhecem. O conhecimento sobre esse assunto aumenta de acordo com a escolaridade e renda familiar: 81% dos que têm nível superior sabem e 64% dos que pertencem às classes A ou B.
Quando estimulados em relação ao significado dos biocombustíveis e em como se dá a sua produção, a situação verificada na questão anterior muda radicalmente, com 51,5% dos entrevistados concordando que a produção de biocombustíveis contribui sim para o aumento do preço dos alimentos. Esse percentual foi maior em quem possui até o ensino fundamental (56,5%) ou pertence às classes D ou E (55%).
Mesmo com a concordância da maior parte dos entrevistados na relação direta entre biocombustíveis e preços dos alimentos, 69% acham que eles serão os combustíveis do futuro. As pessoas que têm até o ensino médio e as que são da classe C são as que mais partilham dessa opinião, com 74% e 82% respectivamente. Já 22% dos entrevistados não concordaram, sendo que os maiores percentuais de discordantes foram encontrados entre os de nível superior (31%) e classe A ou B.
É expressiva a quantidade de respondentes que opinaram que o país corre o risco de voltar aos períodos de hiperinflação (61%), contra 35% de discordantes. A concordância em relação aos riscos de hiperinflação aumenta quando o nível de escolaridade e renda diminui, pois a maior parte dos que têm ensino fundamental partilha dessa opinião (66%) assim como os de classe C, D ou E.
A confiança na solução da inflação alimentícia via taxa de juros é de 61% do total de entrevistados. Os segmentos que mais confiam nesse tipo de medida são as classes D e E, juntamente com as pessoas de escolaridade fundamental e média, com mais de 60% cada um. Por outro lado, os descrentes são mais encontrados nas classes A ou B (50%) e com nível superior (55%).
(Gazeta Online - ES,
Ambiente Brasil, 16/05/2008)