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passivos da energia atômica acordo nuclear internacional
2008-05-26

Não bastassem todos os problemas que a indústria nuclear oferece ao público, políticos e representantes do setor de energia ainda querem arrumar mais. Tanto que fizeram uma proposta pra lá de indecente durante o Fórum Europeu de Energia Nuclear, realizado em Praga, na República Tcheca: reduzir os padrões de segurança nuclear em toda a Europa.

O absurdo foi devidamente apontado por ativistas do Greenpeace que protestaram contra a idéia projetando mensagens contra a energia nuclear em locais próximos ao castelo onde era realizado o Fórum. Os participantes do Fórum receberam ainda o Kit de Sobrevivência EPR, um documento que traz detalhes sobre os problemas  que estão ocorrendo com os novos Reatores Pressurizados Europeus (EPR, na sigla em inglês), em construção na Finlândia e na França.

A idéia de rebaixar os atuais padrões de segurança nuclear na Europa tem como objetivo reduzir os custos de futuras usinas nucleares e ajudar a abrir portas para a expansão da energia atômica, expondo o meio ambiente e a segurança pública a grandes riscos. Tendo o primeiro-ministro da República Tcheca como anfitrião e com a presença de políticos europeus e tomadores de decisão do setor de energia, o Fórum é uma feira de negócios para o lobby nuclear. As sessões de abertura foram um palco privilegiado para a estatal nuclear francesa Areva promover seu  “Reator Pressurizado Europeu” (EPR, na sigla em inglês), considerado o ícone da renascença nuclear no mundo.

O Fórum teve início depois que o Chefe de Estado e de Governo da União Européia, apoiou em março de 2007 uma proposta da Comissão Européia “para organizar uma ampla discussão entre todos os parceiros relevantes nas oportunidades e os riscos da energia nuclear”. As organizações não-governamentais Greenpeace e Amigos da Terra são os únicos representantes da sociedade civil com assento no Fórum.

“Nós damos as boas vindas a um debate aberto e oportuno sobre energia nuclear. Mas ao se analisar custos, segurança energética e combate às mudanças climáticas, os argumentos são todos a favor das opções de energia limpa”, disse Jan Beranek, coordenador da campanha de energia nuclear do Greenpeace Internacional.

Conheça o relatório Revolução Energética, do Greenpeace, com o caminho das pedras para limpar de vez a produção de energia. Uma pesquisa de opinião pública da Eurobarometer sobre as tecnologias de energia, publicada em 2007, aponta que apenas 20% da população da União Européia apóia o uso da energia nuclear - ver aqui a íntegra da pesquisa, com texto em inglês). As propostas apresentadas no Fórum pretendem suprir o desenvolvimento de políticas, e talvez da legislação, da União Européia. Desde o início de novembro de 2007, o Fórum tem defendido o abrandamento dos padrões de segurança, forçando a aceitação da energia nuclear.

Apesar da insistência da indústria nuclear em divulgar suas vantagens, a realidade traça um cenário diferente. A industria nuclear está atolada em problemas técnicos, de seguranca, prazos e orcamentos estourados em vários paises. Na França, o projeto do EPR de Flamanville 3, por exemplo, enfrenta entraves técnicos após apenas três meses de obra e apresenta problemas de qualidade e segurança na execução do projeto. O outro EPR da Areva em construção, o Olkiluoto 3, na Finlândia, após dois anos e meio de construção, já apresenta problemas: está dois anos atrasada, vai dobrar seu custo inicial, e já soma mais de 2,2 bilhões e euros de prejuízo.

No Reino Unido, as usinas vão custar o dobro do valor estimado inicialmente. No Brasil, a renascença da indústria nuclear chega com o projeto Angra 3, mas ja enfrenta problemas financeiros e de segurança. A terceira usina nuclear do Brasil vai custar mais de R$ 9 bilhoes e a questão do lixo radioativo ainda não foi solucionada.

(Greenpeace, 22/05/2008)


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