A comunidade científica está convencida de que o aquecimento global persistirá durante vários séculos, embora as emissões de gases do efeito estufa sejam reduzidas substancialmente. Os cientistas que participaram do simpósio sobre os efeitos da mudança climática nos oceanos, realizado na cidade espanhola de Gijón nesta semana, dizem acreditar que o processo é praticamente irreversível.
Mesmo que se deixe de emitir totalmente CO2 na atmosfera, a temperatura média subiria dois graus durante os próximos 50 anos pela inércia adquirida pelo fenômeno, segundo os pesquisadores. As previsões mais otimistas da comunidade científica estimam que nos próximos anos acontecerá uma redução da emissão de gases poluentes pela consciência social e política do problema.
No entanto, isto não será suficiente para reverter o fenômeno, uma vez que o aquecimento global persistirá durante "vários séculos", segundo consta no sumário de conclusões do seminário. O simpósio, organizado pelo Centro Oceanográfico de Gijón do Instituto Espanhol de Oceanografia, reuniu cerca de 450 pesquisadores de 60 países para analisar os efeitos da mudança climática sobre os mares.
Em dez sessões temáticas, os cientistas debateram sobre 200 comunicados orais e foram criados 150 painéis. O diretor do Centro Oceanográfico de Gijón, Luis Valdés, alertou sobre a gravidade da situação e defendeu um maior "diálogo" entre a comunidade científica e os políticos para tomar medidas urgentes.
Os especialistas concluíram que carecem de uma metodologia precisa para medir a interação dos efeitos da mudança climática na relação do mar com o ar e a terra. Valdés afirmou que é necessário "definir com clareza as ações que o homem pode adotar para diminuir os efeitos da mudança".
(Efe, Folha Online, 24/05/2008)