Entrevista Marco Antônio Mazaferro, mestre em Desenvolvimento Energético "Em alguns casos, a venda dos créditos paga 100% do projeto" O especialista em crédito de carbono esteve nesta semana em Blumenau para uma palestra promovida pela Câmara de Comércio e Indústria Brasil-Alemanha. Após o evento, a coluna aproveitou para saber um pouco mais sobre o assunto.
O que é crédito de carbono?
Marco Mazaferro - É um certificado emitido por organizações de países em desenvolvimento, como o Brasil, que implantam projetos para reduzir a emissão de gases poluentes. Cada tonelada de dióxido de carbono (CO2) a menos na atmosfera dá direito a um crédito de carbono. O crédito pode ser comprado por organizações de países desenvolvidos que não atingiram as metas de redução de emissão de gases estabelecidas no Protocolo de Kyoto.
Quanto um vale um crédito de carbono?
Mazaferro - É um mercado de balcão regulado pela oferta e procura. Hoje o crédito vale de 15 a 16 euros.
Quais setores podem aproveitar melhor esse mercado?
Mazaferro - Aqueles que emitem mais gases poluentes. Como exemplo podemos listar o setor energético e as indústrias cimenteira, de papel e celulose e metalúrgicas.
Quem mais compra do Brasil hoje?
Mazaferro - Empresas da Europa e Japão. Também bancos e tradings que compram para revender em seus países.
A venda dos créditos paga o investimento feito no projeto?
Mazaferro - Depende do setor e do tipo de projeto. Em alguns casos, como nos projetos desenvolvidos por aterros sanitários, a venda dos créditos paga 100% do projeto.
O mercado de crédito de carbono vai realmente diminuir o efeito estufa?
Mazaferro - Eu acredito que sim. É um primeiro passo e muito está se aprendendo em relação a essa novidade. Ainda assim, arrisco dizer que só isso não vai resolver. Outros mecanismos devem ser criados para acabar de uma vez por todas com o problema.
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Jornal de Santa Catarina, 24/05/2008)