A China foi atingida por um novo terremoto neste domingo (25/05), que matou uma pessoa e feriu 400 ao atingir a Província de Sichuan --mesma região onde ocorreu o tremor do último dia 12, que matou mais de 62 mil. Segundo o Instituto Nacional de Geofísica dos Estados Unidos, o novo tremor foi de 5,8 graus na escala Richter.
Desde o tremor do último dia 12 --cuja intensidade foi de 7,9 graus na escala Richter-- foram detectadas milhares de réplicas na região, mais de cem delas acima dos 4 graus na escala Richter.
Segundo a agência de notícias Xinhua, uma pessoa morreu e outras 14 ficaram feridas devido à queda de casas ou deslizamentos de terras, uma das principais preocupações do governo chinês, ao lado das epidemias e do atendimento às necessidades básicas dos sobreviventes.
O Ministério de Assuntos Civis do país informou que o número de mortos pelo terremoto do dia 12 de maio já soma 62.664 e o de desaparecidos, 23.775. Ontem, no entanto, o premiê Wen Jiabao havia afirmado que o número de vítimas "pode aumentar para 70 mil, 80 mil ou até mais".
O tremor foi sentido às 16h24 (5h24 de Brasília) de hoje em Chengdu, capital da Província sudoeste de Sichuan.
O terremoto durou cerca de um minuto e fez com que os prédios altos de Chengdu balançassem ligeiramente.
O governo chinês passa agora a se focar na reconstrução, e não mais no resgate de corpos.
"Anteriormente, nossa principal prioridade era a procura por corpos e a ajuda às pessoas atingidas. Agora, vamos começar a fazer planos para a reconstrução", afirmou Wen.
O tremor destruiu mais de 15 milhões de casas, segundo o premiê, que acrescentou que o governo lançou uma campanha urgente para construir abrigos temporários e escolas.
Cerca de 10 mil trabalhadores da saúde foram mobilizados para controlar epidemias.
"O segunda maior desafio que enfrentamos é o risco de doenças", disse ele.
Radiação
Enquanto isso, especialistas tentam identificar 15 fontes de radiação que teriam sido expostas pelo terremoto e estariam sob os escombros. O Ministério de Proteção do Meio Ambiente informou que equipes da Administração Nacional de Segurança Nuclear tenta conter as fontes de radiação.
Cerca de 50 fontes em potencial estariam sob os escombros, disse o vice-ministro do meio-ambiente, Wu Xiaoqing, nesta sexta-feira em Pequim. Enquanto 35 delas não representariam risco, outras 15 continuam inacessíveis e soterradas sob os escombros.
Segundo Wu, a radiação não está vazando, e todas as instalações nucleares são seguras.
ONU
O secretário-geral da ONU (Organização das Nações Unidas), Ban-Ki Moon, visitou neste sábado (24/05) Yingxiu -- uma das regiões mais afetadas pelo terremoto de 7,9 graus na escala Richter que atingiu a China há 12 dias-- ao lado de Wen.
Ao chegar à cidade, na Província de Wenchuan, Wen agradeceu a Ban pela ajuda às vítimas da catástrofe. Ban, que viajou à China vindo diretamente de outra visita, às regiões devastadas pelo ciclone que atingiu Mianmar, prometeu mais ajuda da ONU na reconstrução, e diz que aguarda receber informações da China para medir os danos e as necesidades.
"Se trabalharmos duro podemos superar isso", disse Ban, ao lado de Wen. "Nesses casos, o mundo todo fica ao seu lado e o apóia", acrescentou.
Crianças
Na tarde deste sábado, Wen se encontrou com duas crianças que ficaram feridos no tremor, Zhao Qisong e Wang Jiaqi, em um hospital de Chengdu, a capital da Província. O premiê estava presente quando equipes de resgate tentavam resgatar as duas crianças dos escombros, um dia após o tremor, e acompanhou o drama do salvamento entre lágrimas.
Ao lado de Zhao neste sábado, ele perguntou ao menino de nove anos se ele lembrava do dia do resgate. "Você me ouviu chamando você? Eu pedi que você aguentasse firme", disse Wen.
O premiê disse ainda para que o garoto nunca se esqueça da experiência. "Leve a lição para sua vida, depois de enfrentar toda essa dificuldade você será um homem melhor", afirmou.
Ele também elogiou Wang, dizendo que a menina, que fraturou o nariz no tremor, é "muito forte".
(Folha online, com Reuters e Associated Press, 25/05/2008)