O presidente do Conselho Econômico e Social da ONU (Ecosoc), Léo Mérorès, recomendou hoje aos países que tenham maior flexibilidade nas negociações da rodada de desenvolvimento de Doha, já que isso também pode aliviar a atual crise alimentícia mundial.
O Ecosoc encerrou os debates, entre seus 52 membros, sobre a situação alimentícia mundial, com a conclusão de que os países deveriam aproveitar a atual situação de aumento dos preços dos alimentos 'para transformar uma situação de ameaça em uma de renascimento agrícola'.
Consideraram, além disso, que o 'recente declive do apoio à agricultura deveria ser compensado com mais e melhores sementes e adubos, assim como com melhores sistemas de transporte, armazenamento e irrigação'.
Em sua avaliação final, o presidente do Conselho se mostrou favorável a uma 'prova de flexibilidade' por parte dos países nas negociações da rodada de desenvolvimento de Doha, que estão atrasadas.
Os subsídios à agricultura e as tarifas alfandegárias são alguns dos principais motivos de desacordo entre os países ricos e as economias emergentes e em desenvolvimento.
O presidente do órgão da ONU se pronunciou a favor do diálogo e da cooperação regional para abordar os problemas de carências de alimentos.
A reunião realizada pelo Ecosoc teve como objetivo fazer uma ponte entre as reuniões da Comissão de Desenvolvimento Sustentável e a cúpula da Organização para a Agricultura e os Alimentos da ONU (FAO), que será realizada no início de junho, em Roma, e na qual será abordado o problema da crise alimentícia mundial.
O presidente da Ecosoc assinalou que os países deveriam assegurar imediatamente que os fundos e doações comprometidos em favor da assistência alimentícia, através da ONU ou de forma bilateral, sejam desembolsados com urgência.
A esse respeito, a porta-voz da ONU, Michelle Montas, emitiu hoje um comunicado no qual parabeniza a Arábia Saudita pelos US$ 500 milhões fornecidos pelo país ao Programa Mundial de Alimentos (PMA), que tinha solicitado com urgência US$ 755 milhões para adquirir alimentos em favor dos mais necessitados.
Segundo dados das Nações Unidas, mais da metade da população dos países subdesenvolvidos vive com US$ 1 dólar ou menos ao dia.
O BM calcula que, em 2007, o preço do arroz aumentou 74%, e o do trigo 130%, o que supõe um retrocesso de sete anos na luta contra a fome no mundo.
(Folha online, com EFE, 23/05/2008)