Empresa licitada para obra de revitalização da Praça, afirma que vento teria derrubado árvore
Uma árvore nativa caiu na via José Bonifácio, paralela a Pinheiro Machado, no Centro da cidade. O fato teria acontecido na madrugada desta quarta-feira, quando os ventos atingiram a Erythrina falcata (mais conhecida como Eritrina, plantada possivelmente na década de 40). A árvore estava localizada na praça Roque Gonzales, em reforma há pelo menos três semanas. No momento da queda não havia ninguém no local. Comerciantes e taxistas que trabalhavam nas proximidades chamaram os bombeiros que realizaram o trabalho de isolamento. Ninguém ficou ferido.
O diretor geral da secretaria de Proteção Ambiental, Paulo Volmar, 45 anos, informa que sua equipe esteve vistoriando a área, mas ainda não forneceu parecer oficial. Segundo ele, foi realizado somente o trabalho de perícia para identificar o motivo do desabamento. Mas, ele adianta: “a árvore estava 50% morta, por isso não resistiu aos fortes ventos na noite passada”.
No início da semana, os mesmos técnicos da prefeitura fizeram vistoria em todas as outras árvores da praça, cerca de 70 plantas. “A obra de revitalização exigiu laudos das espécies. O local que não é tão grande assim possui árvores muito próximas uma das outras, deixando a área que é destinada ao lazer, muito escura”, diz o diretor para justificar a poda e até o possível “transplante” de alguns vegetais. Ele garante que nenhum corte será autorizado pela Prefeitura.
O mestre de obras, Paulo Rosa, 36, comenta que os nove homens que trabalham da reforma da praça, estão desde o início da semana retirando os ladrilhos. Para armazená-los, foi aberta uma valeta onde outros resíduos da construção civil como pedras e tijolos também estão sendo depositados. O buraco, segundo testemunhas, teria atingido as raízes da Eritrina, que sem sustentação veio ao chão após a primeira ventania. “Para nós, foi melhor que ela caiu. Ela estava podre e ameaçava desabar a qualquer momento”, cita.
O fiscal da construtora Fênix, responsável pela obra, Marcelo Pahim, 30, lembra que não somente esta, mas outras árvores da praça estão “secas” e que deveriam ser cortadas para futuramente não comprometerem a segurança da população. Sobre a Eritrina, Pahim afirma que a empresa não teve qualquer envolvimento com a queda, mas confirma que a árvore estava colocando em risco a vida de seus funcionários, pedestres e motoristas, principalmente de crianças, tendo em vista que a praça antes da reforma era freqüentada por famílias inteiras.
Toda logística para execução do isolamento do local aconteceu durante a madrugada. O tronco principal permaneceu tombado sobre o calçamento. Os galhos maiores foram cortados pelos bombeiros e técnicos da Prefeitura para evitar o comprometimento do trânsito. A retirada de parte da árvore só foi possível na tarde de ontem, depois de a Prefeitura interditar a rua José Bonifácio por mais de duas horas. O trabalho deverá ser concluído ainda hoje.
Ambientalista lamenta
O cartorário Laurindo Lorenzi Filho, 35 anos, militante do movimento ambientalista, diz que ao passar pela praça e ver o vegetal picotado se entristeceu: “fala-se tanto em preservação ambiental e ainda acontece isso. A impressão é que estamos nadando contra a maré”.
Ele lembra que a espécie em questão é do tipo ornamental, adequada para o paisagismo. “Sem contar a fama que sua sombra tem. Ideal para uma praça”, acrescenta.
Praça será melhor iluminada
Marcelo Pahim, fiscal da construtora Fênix, responsável pela obra de revitalização da praça Roque Gonzales, diz que o projeto de paisagismo inclui a poda das 70 árvores existentes no local. Somente com a poda parcial das espécies, a empresa conseguirá instalar as novas luminárias.
“A população santa-mariense sabe que a praça era vista no período noturno como marginalizada, apesar de durante o dia servir de área de lazer para famílias e, descanso para os parentes de vítimas internadas no Hospital de Caridade Astrogildo de Azevedo”, explica Pahim. Entre as alternativas sugeridas pela Prefeitura para mudar esta realidade, o processo de reforma que conta com projeto elétrico especial. “O objetivo é melhorar a iluminação noturna do local. Por isso, serão substituídos os ladrilhos pelas chamadas pedras portuguesas - pedras brancas que ajudarão a dar aspecto mais claro à praça”, informa.
O prazo final para a entrega da obra é de 90 dias.
(Por Elen Almeidah, A Razão, 22/05/2008)