O governador Paulo Hartung anunciará formalmente, na sua volta ao Brasil, que a Baosteel e a Vale produzirão o dobro do inicialmente previsto em sua siderúrgica em Anchieta: serão dez milhões de toneladas anuais. A usina começará a ser construída em 2009. Hartung atraiu a empresa, rejeitada no Maranhão pelos impactos ambientais que produziria, para o Estado.
Paulo Hartung está visitando a sede da empresa, na China. Depois de criar todas as facilidades para a constituição de sua filial no Espírito Santo, agora prepara o terreno para o anúncio da ampliação do projeto.
No seu retorno, o governador pode também anunciar que os chineses construirão um porto em águas profundas no sul do Estado, e até um estaleiro naval.
Aos chineses foram oferecidas todas as facilidades no processo de licenciamento ambiental do projeto da usina siderúrgica. Os passos para o licenciamento da siderúrgica e outros projetos programados para o Pólo Industrial de Anchieta estão sendo dados, em parceria do governo com o Movimento Espírito Santo em Ação, ligado à Federação das Indústrias (Findes).
O investimento para construção da Companhia Siderúrgica Vitória (CSV), como formalmente é chamada a empresa da Baosteel e da Vale no Espírito Santo, será de US$ 5,5 bilhões, para produção de 5 milhões de toneladas anuais. A produção das placas de aço começa em 2012. Duplicando a capacidade projetada, a empresa produzirá no Espírito Santo 37,7% do que fabrica hoje na China.
Na China, a Baosteel produziu no ano passado 30 milhões de toneladas de aço (21,74 milhões de toneladas de aço em 2006). A empresa planeja elevar sua produção para 80 milhões de toneladas até 2012. No mundo, a empresa ocupa o quinto lugar na produção siderúrgica e pretende chegar à condição de segunda maior produtora do metal no mundo, nos próximos quatro anos. Atualmente a China fabrica um terço do aço de todo o mundo (422,7 milhões de toneladas produzidas em 2006, das quais 43 milhões exportadas).
O governo do Espírito Santo não informa quantos capixabas são mortos pela poluição anualmente. Na China, a poluição do ar e da água mata prematuramente 460 mil pessoas por ano. O empreendimento chinês e da Vale poluirá a região sul do Estado. A Baosteel vem para o Espírito Santo quando a China assume a liderança mundial na emissão de poluentes, e começa a ser pressionada a mudar a forma de produzir.
Como o Protocolo de Kyoto não obriga o Brasil a limitar suas emissões de poluentes, os chineses encontraram o local ideal para instalar novas usinas poluidoras e um parceiro ideal no governador Paulo Hartung, depois que foram rejeitados no Maranhão.
O projeto da Baosteel vem para o Brasil no mesmo contexto da construção da ArcelorMittal Tubarão (antiga CST): os europeus e norte-americanos se alertavam para os danos ambientais da produção industrial, particularmente a do ferro e aço, e transferiam a parte mais poluidora de seus produtos. Na ocasião, as transnacionais escolheram o Brasil e a Coréia para implantar seus projetos poluidores.
(Por Ubervalter Coimbra,
Século Diário, 23/05/2008)