O senador Valter Pereira (PMDB-MS) repudiou a "agressão covarde" sofrida, na terça-feira (20/05), pelo engenheiro da Eletrobras Paulo Fernando Rezende, que resultou em um corte profundo no seu braço direito. O ferimento foi feito com golpe de facão por índios Caiapós durante o encontro "Xingu vivo para sempre", onde o engenheiro debatia os impactos ambientais da hidrelétrica de Belo Monte na região de Altamira, no Pará, e explicava os detalhes técnicos do projeto.
Valter Pereira disse que a agressão foi motivada pelo fato de o engenheiro ter colocado em dúvida a argumentação do professor ambientalista Osvaldo Sevá, que é contrário à construção da hidrelétrica. O senador avaliou que a reação contra Paulo Fernando Rezende revela uma crescente intolerância que tem alimentado as discussões sobre as questões da Amazônia, a iminente crise energética e os problemas étnicos.
- Vivêssemos num regime autoritário, que impusesse suas decisões sem dar a mínima satisfação à sociedade, o protesto seria defensável e os exageros poderiam se explicar. No entanto, não é esse o cenário do Brasil. Vivemos em plena democracia, onde a discussão sobre todos os temas está disseminada e garantida. Portanto, os destemperos dos agressores configuram crime e, como tal, reclamam abertura de inquérito e a competente ação penal - afirmou.
O senador lamentou que os agressores, por serem índios e protegidos pela legislação penal, não venham a pagar pela tentativa de homicídio. Ele salientou que a imunidade legal não descaracteriza o ato criminoso nem descarta o perfil arbitrário daqueles que fazem dos índios massa de manobra para defender interesses inconfessáveis. Frisou ainda que a sociedade tem o direito de colocar em dúvida os impactos ambientais da obra, embora ninguém possa cercear o direito do governo defender sua viabilidade ambiental e necessidade econômica.
O senador Flexa Ribeiro (PSDB-PA) lembrou, em aparte, que a índia Caiapó chamada Tuíra, que estaria à frente do incidente que resultou na agressão a Paulo Fernando Rezende, é a mesma que em encontro semelhante, há 20 anos, esfregou um facão no rosto do então presidente da Eletronorte, Antonio Muniz Lopes, hoje presidente da Eletrobrás.
- Agora que foi autorizada pela Justiça a discussão da viabilidade da hidrelétrica de Belo Monte, novamente ocorre a agressão, liderada pela mesma índia Tuíra. É preciso que haja uma abertura de consciência para se discutir, de forma clara e transparente, os benefícios que essa usina trará para o Brasil - concluiu Flexa Ribeiro.
(Por Ricardo Icassatti, Agência Senado, 21/05/2008)