Os 193 países-membros da OMS (Organização Mundial da Saúde) debateram na quarta-feira (21), durante a assembléia anual da organização, em Genebra, a adoção de um programa global cujo objetivo seria reduzir os efeitos da mudança climática. "Caso consigamos reduzir esses fatores de risco, poderíamos salvar 13 milhões de vidas a cada ano", afirma a espanhola María Neira, diretora do departamento de Saúde Pública e Meio Ambiente da OMS.
"A resolução [que está sendo debatida na Assembléia] pede a implementação de um plano global para a consulta de todos os países-membros, onde se possa definir as atividades que devem ser realizadas para enfrentar os problemas provocados pela mudança climática", afirmou o especialista. Neira considera que é preciso atuar imediatamente para prevenir os efeitos nocivos para a saúde da mudança climática, pois "o aquecimento global não é um tema que afete somente os ursos polares e as geleiras". "Afeta a todos nós, e é um tema para já", afirmou.
Os efeitos são claros: as inundações e a aparição de doenças relacionadas com a poluição das águas, como o cólera; secas que produzem a perda de colheitas e a aparição de mosquitos e os conseqüentes surtos de malária e dengue, entre outros. Por isso, ela considera que é necessário contar com mais evidências científicas, com uma agenda global de pesquisa, e com uma enorme campanha de sensibilização e promoção. "Corremos o risco de enfrentar um retrocesso enorme de todas as conquistas conseguidas até agora em matéria de saúde pública", explicou a doutora.
"Os sistemas de saúde de muitos países pobres estão saturados, e podem chegar ao colapso com as conseqüências da mudança climática", acrescentou. Durante a Assembléia, os países andinos pediram que as nações mais industrializadas assumam a responsabilidade pelas conseqüências da mudança climática. A Assembléia Mundial da Saúde, que está reunida durante toda esta semana, deve votar a resolução sobre mudança climática e saúde nesta quinta-feira (22).
(Folha Online, 22/05/2008)