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alta no preço dos alimentos
2008-05-22

Os preços dos alimentos devem continuar altos, segundo um relatório divulgado na quinta-feira pela Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), e não deverão retornar aos níveis baixos registrados antes da atual crise. Segundo o estudo, ainda que os preços tenham caído um pouco nas últimas semanas, o aumento na demanda e a necessidade de repor estoques devem fazer com que os preços continuem altos.

"Comida não é mais um produto barato como no passado. O aumento no preço dos alimentos deve fazer com que os níveis inaceitáveis de privações sofridos por 854 milhões de pessoas piorem ainda mais", disse o diretor-geral assistente da FAO, Hafez Ghanem.

Uma das conseqüências, segundo a FAO, é que, pela primeira vez, o custo total de importação de alimentos globalmente deve passar de US$ 1 trilhão. Os países pobres que importam mais alimentos do que exportam serão os mais afetados, já que deverão ter de pagar quase US$ 170 bilhões neste ano para importar esses produtos, um aumento de 40% em relação ao ano passado.

Otimismo
Segundo o relatório, também há sinais encorajadores. Os preços altos levaram a um aumento na produção de alguns alimentos e, por isso, as próximas colheitas devem ser boas. No caso do trigo, por exemplo, a FAO prevê um aumento de quase 9%.

O analista BBC Martin Plaut diz que a mensagem da organização é de que não há necessidade para pânico. "A ONU diz que a era de alimentos baratos é coisa do passado. Mas a grande crise dos anos 70, quando se estima que milhões tenham morrido por causa de falta de comida, não deve se repetir", diz Plaut. Segundo a FAO, o mundo está melhor preparado para lidar com uma crise global de alimentos.

Mas o cultivo voltado para a produção de biocombustíveis deve impedir que a produção de alguns alimentos também aumente. A produção de carne deve aumentar, apesar do custo alto para alimentar animais nas fazendas. Isso porque a demanda por carne vem aumentando rapidamente à medida que a renda da população em países em desenvolvimento aumenta.

(BBC Brasil, 22/05/2008)


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