Governador lembrou que programa dispõe de verba para as famílias que perderam emprego após a operação Arco de Fogo deflagrada pela PF
Em reunião com o ministro extraordinário de Assuntos Estratégicos Roberto Mangabeira Unger, o governador Blairo Maggi defendeu ontem a liberação de recursos do Programa Amazônia Sustentável (PAS) para famílias de trabalhadores da região norte – principalmente ex-funcionários de madeireiras - que perderam o emprego após a deflagração da Operação Arco de Fogo. “O programa tem previsão para assistência às famílias”, disse o governador. “Espero que este auxílio seja liberado logo”, afirmou Maggi.
Maggi ficou reunido durante boa parte da manhã com o ministro e secretários de Estado, na sala de reunião do gabinete do Palácio Paiaguás. A pauta do encontro foi basicamente o PAS.
Maggi também aproveitou a reunião para reafirmar a incapacidade de o governo e os produtores rurais cumprirem a resolução do Banco Central que proíbe o financiamento público de propriedades rurais que não possuem licenciamento ambiental. A regra vale a partir do dia 1º de julho.
“O mais urgente é o embargo econômico no bioma amazônico. Não se discute o bioma amazônico. O governo concorda que ele existe. Mas o embargo vem num momento em que não temos condições de atender as exigências”, reclamou. “Há a necessidade de postergação para que os produtores se adéqüem à regra”.
Sobre a criação de uma guarda nacional, proposta pelo novo ministro do Meio Ambiente Carlos Minc, o governador disse achar uma boa idéia a princípio, embora tenha dado o recado. “Eu acho que pode criar, mas não contem com a polícia de Mato Grosso. Já temos pouca gente para cuidar do povo”.
Mangabeira Unger adiantou os cinco pontos fundamentais do PAS para a Amazônia. Trata-se da regularização fundiária, criação de alternativas economicamente viáveis e ambientalmente seguras, modernização das práticas agrícolas, incentivo à agregação de valores à produção e o investimento em educação profissionalizante.
O ministro defendeu enfaticamente a necessidade de se criar um modelo sustentável de desenvolvimento da floresta Amazônica. “A Amazônia não é apenas uma coleção de árvores, mas um grupo de pessoas. Nela vivem mais de 25 milhões de brasileiros. Se estas pessoas não tiveram oportunidades, serão impelidas a uma atividade econômica desordenada, que levará ao desmate”, alertou.
A vinda a Mato Grosso é a primeira etapa de uma série de viagens que Mangabeira Unger quer fazer como coordenador do PAS. “Toda a nação anseia por uma conciliação entre desenvolvimento e preservação ambiental. Não podemos fazer isso dividindo os brasileiros e atribuindo culpas”, afirmou.
Mangabeira Unger e Blairo Maggi mostraram-se afinados em relação à necessidade de se premiar agricultores que preservem a floresta ou que se valham de atividades de baixo impacto ambiental. “Já viajei para fora do Brasil defendendo esta idéia. Poderia haver uma remuneração por serviços ambientais prestados por quem não derruba suas florestas”, disse o governador.
(Diário de Cuiabá, 21/05/2008)