O impasse sobre uma possível renegociação do Tratado de Itaipu deverá ser resolvido de forma conciliatória entre Brasil e Paraguai, na avaliação do assessor da presidência da Administração Nacional de Eletricidade (Ande), Medardo Pino Rodriguez. No Paraguai, a Ande corresponde à Eletrobrás no Brasil.
"Penso que haverá uma exigência por parte de Paraguai, talvez uma cessão por parte do Brasil, mas sempre dentro de um âmbito conciliatório. Não é intenção do Paraguai chocar ou exigir alguma coisa”, disse Rodriguez, que participa em Foz do Iguaçu (PR) do Fórum Global de Energias Renováveis.
O assessor acredita que os dois países deverão encontrar um caminho para resolver o impasse sem alterar o Tratado de Itaipu. “Eles devem buscar dentro do tratado um caminho para que os dois países e, sobretudo, o Paraguai, que está cedendo quase o total de sua energia ao Brasil, tenha maior proveito disso”, afirmou.
Para Rodriguez, o ideal seria que o Paraguai pudesse ter desenvolvimento para consumir toda a energia a que tem direito, e não precisasse vender o excedente ao Brasil. “Mas nós não temos capacidade de consumir isso, e nos próximos anos é difícil que tenhamos. O que se busca é que se possa elevar um pouco [o preço pago pelo Brasil] para que o Paraguai, de alguma maneira, tenha um maior benefício pela cessão que está fazendo ao Brasil dessa energia”.
Sem querer avaliar se o preço pago pelo Brasil é justo, o assessor da Ande lembra que qualquer mudança deverá ser estudada em parceria pelos governos e embaixadas dos dois países. “É difícil definir o que é o justo nesse momento, temos que acompanhar a proposta do novo governo [do presidente eleito do Paraguai, Fernado Lugo], que considera que pode tirar maiores vantagens do preço da energia de Itaipu”, ponderou.
(Por Sabrina Craide, Agência Brasil, 20/05/2008)