O senador Papaléo Paes (PSDB-AP) se disse "estarrecido" com os resultados de um estudo sobre a situação do saneamento básico no Brasil realizado pelo Centro de Políticas Sociais da Fundação Getúlio Vargas, a pedido do Instituto Trata Brasil. Além de confirmar que apenas 53% dos brasileiros têm acesso ao serviço, "pelo andar da carruagem", só será possível atender a toda a população no ano 2122, ou seja, daqui a 114 anos.
Como resultado da falta de água tratada e de redes de esgoto, o sistema público de saúde teve de bancar, na década passada, 700 mil internações hospitalares ao ano, provocadas por doenças relacionadas à falta de saneamento básico. Em 2005, o número havia subido para 900 mil internações. Isso custa ao Sistema Único de Saúde (SUS), por ano, R$ 300 mil, informou Papaléo Paes.
O mesmo estudo deixou claro que o Brasil gasta, por ano, somente 0,09% do Produto Interno Bruto (PIB) com saneamento, o que equivale a cerca de R$ 2,3 bilhões. O volume anual de investimentos necessário para atender a todos os brasileiros seria de R$ 11 bilhões durante cerca de 20 anos. Conforme o senador, apenas a recente lei do saneamento básico (Lei nº 11.445/07) não será suficiente para resolver o problema.
Papaléo observou ainda que a questão não se restringe a novos investimentos. Seria necessário investir também em redes antigas de distribuição de água, pois outro estudo mostra que só 45% da água tratada pelas companhias distribuidoras chegam às torneiras, tal a quantidade de vazamentos pelo caminho.
O senador considerou inaceitável que apenas 1,42% da população do seu estado, o Amapá, tenha acesso à rede geral de esgotos, conforme dados do estudo da Fundação Getúlio Vargas. Ele afirmou que o governo deve "deixar de lado a pirotecnia" do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e investir em projetos de saneamento "em todos os estados", e não apenas nos estados governados por aliados do presidente da República.
(Por Eli Teixeira, Agência Senado, 20/05/2008)