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sacolas e embalagens plásticas substâncias químicas tóxicas
2008-05-21

Em Abril, o governo do Canadá surpreendeu com a medida de proibir a comercialização de mamadeiras de plástico duro, que possuem a substância Bisfenol A. Cientistas já detectaram que as substâncias, assim como outras resinas de plástico, geram malefícios ao meio ambiente e, principalmente, à saúde humana.

Na entrevista a seguir, o engenheiro agrônomo e ambientalista Luiz Jacques Saldanha alerta que outras substâncias bastante presentes no nosso dia-a-dia, como o PVC, também são tão prejudiciais quanto a resina das mamadeiras. Para Saldanha, o principal empecilho para que as pessoas tenham mais resistência a esses produtos é a falta de informação. Somente com a pressão das pessoas é que as indústrias e os governos tomarão medidas para defender a população da ação maléfica dos plásticos.

Jacques, na sua avaliação a medida defendida pelo governo do Canadá está certa ou é um tanto alarmista?
Esse assunto sobre as mamadeiras no Canadá, ou seja sempre nos países em que a informação circula mais rápido, onde as pessoas têm mais oportunidade de conhecimento, mostra que é o mesmo tipo de produto em todo o mundo. Se esse produto está sendo proibido no Canadá porque as pessoas ligadas à Saúde ficaram preocupadas porque poderia estar gerando uma série de problemas nas crianças, o que nós ficamos tristes é que no Brasil nem se cogita qualquer discussão sobre o produto. As pessoas no Brasil têm que se darem conta que fomos invadidos há 500 anos atrás porque a Europa veio buscar substâncias que lá nunca tinham existido.

A partir do conhecimento da química orgânica, da química do carbono, que foi a partir primeiro do carvão e depois do petróleo, os europeus principalmente - e depois os norte-americanos e os japoneses - começaram a perceber que dava para produzir substâncias parecidas com as naturais e que, na verdade, iriam substituir as naturais. E foi o que aconteceu nos últimos 50, 60 anos no mundo, em que todas as substâncias naturais estão sendo definitivamente trocadas por substâncias artificiais que aparentemente são semelhantes às naturais.

Por exemplo, quem é mais velho deve lembrar que antigamente na televisão havia um comercial em que uma toalha de plástico dizia: 'parece linho, mas é linholene'. E assim foi com várias coisas. Assim foi com a substituição do vidro, a substituição de várias formas de embalagem por materiais plásticos. Por isso é que o PET faz tanto sucesso. Porque nesse processo de substituição, eles conseguiram alcançar aquilo que é mais bonito e natural no vidro e no cristal: o vidro e a transparência. É claro que o plástico tem a vantagem de ser mais leve, mas não tem a qualidade do vidro.

O que é o Bisfenol A?
Uma das resinas plásticas - existem várias, como o PVC, polietileno, poliestireno, polipropileno e o policarbonato. Esse policarbonato, para ficar bem brilhante e transparente, precisam ser utilizadas quantidades bem altas desse Bisfenol A. Essa molécula tem sido utilizada nas mamadeiras; portanto, aquelas mais parecidas com vidro, mais transparentes, são as mais perigosas. E o mais triste é que se pega esse material com leite, que por ser um produto mais gorduroso ele até 'chupa' essas substâncias da resina plástica, e colocamos inclusive no microondas, acelerando inclusive a contaminação do leite com essas substâncias.

Que outros produtos são fabricados com essa substância?
O Bisfenol A é um componente que a gente chama de aditivo, plastificante. No caso do bisfenol a própria substância plástica é feita com bisfenol. Outra substância plástica bastante conhecida que também tem o bisfenol A é o epoxi. Quem não conhece essas substâncias utilizadas em pisos industriais, que se usa para misturar em tinta. É um produto que sem dúvida tem uma alta qualidade para a engenharia, mas é um produto artificial também. Temos que nos dar conta que os CDs, os DVDs, o epoxi, o policarbonato, todas as mamadeiras do Brasil.

A parte que prende o bico, uma parte convexa, também é policarbonato. Chegamos a um ponto no mundo em que não podemos ser mais assim tão ingênuos e aceitar qualquer substância artificial para substituir aquela que é natural. Infelizmente, devemos repensar tudo o que fizemos com essas substâncias artificiais porque o pior não é a poluição, mas sim de partículas, mas sim o que essas partículas, quando entram no nosso corpo, acabam causando.

Por que os plásticos são considerados prejudiciais à saúde?
Hoje por exemplo no mundo, a quantidade de espermatozóides que os homens estão produzindo é 40%, 50% a menos do que os homens que têm 50,60 anos, produziam anteriormente. Este é um aspecto que se tornou uma grande questão no mundo porque essas substâncias no caso do Bisfenol A, que imita o hormônio feminino, estão causando uma série de problemas não somente na fertilidade, no aparecimento de câncer testicular, inclusive do câncer de próstata e de outros tipos em homens, mas inclusive doenças nas mulheres, que há 20, 30 anos eram quase totalmente desconhecidas, como o caso da endometriose [doença que causa infertilidade].

O que tem hoje de casos de mulheres jovens que estão aparecendo com endometriose, câncer de mama e outras coisas é impressionante. E os médicos, ao se perguntarem como é que estava acontecendo isso, foi que acabaram chegando a essas substâncias. Nós não precisamos dessas substâncias artificiais. Tudo que é artificial não é natural e, portanto, a natureza não consegue identificar para metabolizar o produto. Por isso é que se diz que o plástico vai durar 400 anos. Como a natureza não conhece o plástico, diferente da alface, de um pé de feijão, diferente até do veneno da cobra, que a natureza tem condições de transformar, essas coisas artificiais não conseguem ser transformadas.

O PVC, utilizado em bacias e potes de cozinha Tupperware, também é prejudicial?
Quando fores para o supermercado e comprares tudo embrulhadinho com aquele papel-filme, a resina plástica chama-se PVC. No entanto, para que o PVC tenha aquela característica, sem ser dura como o cano plástico, esse branco que se usa para água ou esgoto, a indústria então acrescenta essas substâncias, nesse caso o fitalato, que dá essa característica de flexibilidade. Infelizmente isso não está escrito em lugar algum. E se nós não tivermos acesso. Assim como fomos condicionados a consumir tudo isso sem perguntar, agora teremos que ter outro jeito de nos colocarmos. E se não souberem responder, vamos tomar a atitude de não comprar. E aí vamos procurar os professores, vamos nas escolas de nossos filhos. Será que a escola está ensinando isso para nossos filhos? Será que eles são informados do que é natural e do que é artificial? Infelizmente, teremos que fazer uma luta, pessoal e coletiva, para mudar um pouco a maneira como a gente está sendo conduzido pela sociedade, pelos governos, pelas indústrias. Eles é que não vão mudar. O governo fala o discurso de quem está mais pressionando. E quem está mais perto dele? Quem tem dinheiro e, nesse caso, são as indústrias.

(Por Paula Cassandra, Agência Chasque, 20/05/2008)


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