A líder do Partido Verde no Parlamento da Alemanha, Renate Künast, disse que a premiê alemã Angela Merkel "se deixou enganar" quanto ao impacto ambiental da produção de biocombustíveis no Brasil durante um encontro com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva na semana passada, em Brasília. No encontro, a primeira-ministra alemã criticou o fato de que a produção de cana-de-açúcar, a matéria-prima do etanol no Brasil, seria responsável pela destruição de florestas do país, algo que o governo brasileiro nega.
Renate Künast, em uma entrevista à influente revista alemã Der Spiegel, manifestou sua preocupação com o fato de Merkel, aparentemente, não ter debatido mais a fundo com Lula a questão do impacto ambiental da produção de etanol, preferindo aceitar a proposta de criar uma comissão binacional que vai avaliar esse impacto. Para a política alemã, aí estaria a “enganação” - o fato de Merkel ter acreditado que a criação de tal comissão levará a uma solução para o problema. Segundo a política do Partido Verde, uma comissão semelhante já foi criada cinco anos atrás sem obter resultados palpáveis.
Renate Künast
"Os brasileiros simplesmente não querem intromissão externa nesse assunto", disse. "É claro que a expansão das plantações de cana-de-açúcar vai forçar produtores de carne e soja a aumentar suas áreas plantadas, em detrimento das florestas tropicais." Künast foi ministra da agricultura no governo do antecessor de Merkel, o chanceler Gerhard Schröder.
Também na entrevista à Der Spiegel, a líder do Partido Verde no Parlamento alemão exigiu que Angela Merkel pare com as importações de derivados de cana-de-açúcar até que fique claro se uma produção de maneira sustentável pode ser alcançada. O Partido Verde alemão está na oposição desde 2005, quando um governo coalizão de cristão-democratas e social-democratas liderado por Angela Merkel chegou ao poder.
(Por Marcelo Crescenti, BBC, 21/05/2008)