Desde a manhã de domingo, índios Enawenê-Nawê bloqueiam a estrada que liga Cuiabá à Juína (MT), na altura da ponte sobre o rio Juruena. Em um manifesto atribuído a diversas etnias, eles reivindicam a paralisação efetiva das obras das pequenas centrais hidrelétricas (PCHs) do complexo Juruena, denunciando que, apesar da determinação judicial, os empreendedores não suspenderam as construções. Os índios cobram também compensação pelos impactos da PCH Juína, erguida nos limites com a terra habitada pelos cinta-larga, e da usina hidrelétrica Dardanelos, em Aripuanã.
De acordo com o manifesto, além de melhorias no atendimento de saúde nas aldeias, os índios exigem que pelo menos 40% do ICMS Ecológico arrecadado pela prefeitura de Juína – segundo maior arrecadador do estado graças à existência de diversas terras indígenas – sejam aplicados em seu benefício. Para haver negociação, o documento pede a presença de diversos prefeitos, representantes da Fundação Nacional de Saúde (Funasa), Funai, Ibama, Secretaria de Meio Ambiente, governo do estado e empresas responsáveis pelas usinas.
Caso não tenham as reivindicações atendidas em uma semana, os índios ameaçam incendiar as torres de transmissão de energia que ligam Juína e outras cinco cidades do noroeste de Mato Grosso ao resto do país. Com exceção de carros oficiais e ambulâncias, nenhum outro veículo conseguiu ultrapassar o bloqueio. A principal empresa de ônibus que atende a região avisou que a circulação de seus veículos está suspensa por tempo indeterminado.
(O Eco, 19/05/2008)