Dizendo ser o responsável dentro do governo federal pela formulação de projetos estratégicos para o futuro do país, o ministro extraordinário de Assuntos Estratégicos, Roberto Mangabeira Unger, explicou ontem (19/05) as razões pelas quais foi escolhido pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva para coordenar o Plano Amazônia Sustentável.
“O presidente entendeu que o plano deveria ser coordenado por uma pasta de responsabilidades gerais, como a minha, que se preocupe com a preservação do meio ambiente na Amazônia, mas também com a construção de oportunidades econômicas para a população local”, disse o ministro à Agência Brasil, logo após conceder entrevista à TV Brasil.
Mangabeira negou que sua indicação para coordenar o plano significasse um gesto de descontentamento presidencial com a atuação da ex-ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, que renunciou ao cargo no último dia 12.
Na semana passada, houve quem apontasse a escolha de Mangabeira para coordenar os trabalhos do plano como a gota d´água para que Marina deixasse o cargo. Ela negou que essa tenha sido a razão, mas disse que só soube da escolha de Mangabeira durante o anúncio do plano, no último dia 8.
"Não posso dizer que o meu gesto é em função do doutor Mangabeira. Não é uma questão de pessoa, mas é que você vai vendo um processo e percebe quando começa a ter estagnação”, disse Marina durante coletiva para explicar as razões de sua saída.
Mangabeira diz não ter se sentido desprestigiado por Marina quando, em janeiro deste ano, ela recusou seu convite para visitar a região amazônica. A viagem, de que participou o ministro da Cultura, Gilberto Gil, serviu para que Mangabeira discutisse com lideranças locais um plano estratégico de desenvolvimento para a Amazônia.
“Tive conversas freqüentes com a ministra e ela sempre demonstrou a maior boa vontade. Me encontro entre os muitos admiradores da ação pública da ex-ministra e espero continuar a contar com seu apoio e aconselhamento”, comentou Mangabeira.
O ministro também evitou polemizar com o novo ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, que, neste final de semana, comentou que gostaria de ter o ex-governador do Acre, Jorge Viana, à frente do Plano Amazônia Sustentável. “Pelo que eu entendi, o novo ministro sugeriu que o ex-governador Jorge Viana participasse da execução do Plano Amazônia Sustentável. Isso seria uma maravilha. Quanto mais aliados tivermos, sobretudo aliados com a experiência dele [Viana], melhor para a Amazônia e para o país”.
(Por Alex Rodrigues,
Agência Brasil, 19/05/2008)