O ministro extraordinário de Assuntos Estratégicos, Roberto Mangabeira Unger, negou no início da noite de ontem (19) que o governo pretenda militarizar a Amazônia. “Não temos nenhuma intenção de militarizar a Amazônia, mas queremos contar com a ajuda das Forças Armadas, que exercem um grande número de funções civis e estão intimamente comprometidas com a vida e com os problemas da população da região”.
Responsável por coordenar, além do Plano Amazônia Sustentável (PAS), o Plano Estratégico de Defesa Nacional, Mangabeira afirma que a premissa de ambos os planos é a “reafirmação inequívoca” da soberania nacional. “Quem cuida da Amazônia brasileira, a serviço de si próprio e de toda a humanidade, é o Brasil”, afirmou o ministro à Agência Brasil, logo após conceder entrevista à TV Brasil.
Mangabeira defende que a região amazônica tem que ser ocupada com atividades sustentáveis. Ele entende que se a população amazônica não tiver oportunidades econômicas será impelida para ações desordenadas, que levarão ao desmatamento da floresta e à destruição do bioma. O ministro também sugere que o atual modelo de povoamento, com grandes espaços desocupados, representa um risco à proteção da região.
“Temos consciência de que assim como o problema ambiental não pode ser equacionado sem estratégia de desenvolvimento, o problema da Defesa [Nacional] também não. Sem desenvolvimento não há estruturas produtivas e sociais organizadas. Uma vasta área sem estruturas produtivas e sociais organizadas é difícil de defender”.
Mangabeira voltou a explicar as prioridades de sua pasta em relação à região amazônica. “Precisamos nos unir para construir uma estratégia de desenvolvimento sustentável para as duas Amazônias, a sem floresta e a com floresta. A base comum dessas estratégias tem de ser a solução dos problemas fundiários, de titularidade da terra e um grande zoneamento ecológico e econômico”.
No que classifica como a Amazônia sem floresta, ou seja, as áreas já degradadas, o ministro vê a oportunidade para o país desenvolver a região sem “repetir os erros de nossa formação histórica”. “Temos a oportunidade de construir um novo tipo de produção, sobretudo por meio de uma agricultura democratizada e moderna, que associe o Estado aos produtores, sobretudo aos pequenos”.
Já no que chama de Amazônia com floresta, Mangabeira defende a “construção de um regime tributário e regulatório que faça a floresta em pé valer mais que derrubada”. Segundo o ministro, isso exigirá tecnologia apropriada para o manejo da floresta tropical e a organização de serviços ambientais avançados. “Para isso é preciso que pessoas muito qualificadas se disponham a morar e trabalhar fora das grandes cidades”.
Mangabeira também aponta a urgência de novas formas de gestão florestal, “a fim de que as concessões às grandes empresas não sejam a única forma de manejo”, e o estímulo para as indústrias que produzam tecnologia apropriada para a região.
(Por Alex Rodrigues,
Agência Brasil, 19/05/2008)