O Brasil é o segundo país do mundo em reciclagem de PET, com índice de 51%, perdendo apenas para o Japão, segundo dados divulgados pelo Cempre (Compromisso Empresarial para a Reciclagem). A outra metade do PET produzido no país, cerca de 200 toneladas, acaba mesmo é no mar, nos rios, lagos, córregos e lixões.
Em 2005, no Rio de Janeiro, os plásticos correspondiam em média 32,7% em peso do lixo urbano. Na coleta seletiva, o PET representa em média 31% dos plásticos recicláveis. Em São Paulo, as garrafas PET representam 14,8% do lixo produzido, de acordo com a Limpurb, percentual apenas menor do que o correspondente aos detritos orgânicos.
A preocupação com o descarte desse tipo de material originou a criação do Movimento PET Consciente que, entre outros itens, defende uma moratória nas licenças de envase para novas bebidas em PET, até que o país atinja um percentual de reciclagem de 90%. Uma vitória nesse sentido aconteceu recentemente, quando a Justiça Federal proibiu que a indústria cervejeira envase cerveja ou chopp em PET, confirmando uma liminar de 2003, na Ação Civil Pública movida pelo procurador da República em Marilia, Jefferson Aparecido Dias.
A decisão foi publicada na véspera do feriado de 1º de maio e festejada pelo PET Consciente, que a apoiou desde o início. “O Brasil produz 9 bilhões de litros de cerveja por ano. Se você considerar que a embalagem é de 600 ml ou de 350 ml, teríamos 14 ou 15 bilhões de novas embalagens em PET por ano”, disse a AmbienteBrasil o biólogo Marcelo Novaes, criador do Movimento.
A decisão judicial afetou diretamente duas cervejarias, a Belco e a Atlas, que já vinham vendendo produto em PET. Mas, segundo Marcelo, uma outra indústria já se preparava para embalar também nessas garrafas. “Mesmo com todo aumento na reciclagem, corremos o risco de ficar afundados num mar de PET, não tem como dar conta disso”, completa ele, defendendo que o país se prepare antes de liberar novas autorizações para envase em garrafas desse material.
Novaes diz que o ideal seria a adoção do procedimento europeu, em que as empresas são responsabilizadas pelo cuidado com suas embalagens pós-consumo. De fato, os poderes públicos brasileiros têm se mostrado incapazes para equacionar um grave problema ambiental. Somente cerca de 200 Municípios contam com sistema de coleta seletiva. Juntos, eles recuperam cerca de mil toneladas de garrafas por ano. Além disso, 30% dos mais de 5 mil municípios brasileiros não contam com nenhum tipo de coleta.
“Não se pode jogar a culpa para a população, quando não existe uma estrutura para a coleta”, diz Marcelo.
(Por Mônica Pinto, AmbienteBrasil, 20/05/2008)