O governo de Mato Grosso preparou um novo relatório para contestar os números do desmatamento levantados do sistema Deter (Detecção do Desmatamento em Tempo Real), do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), de janeiro a fevereiro deste ano.
Segundo o documento, a fiscalização em campo de 65 pontos apontados como desmatados nos dois meses constatou que apenas 17 haviam realmente sofrido aberturas recentes. Do total de pontos confirmados, diz o relatório, oito haviam ocorrido em um assentamento do Incra, cuja fiscalização é de responsabilidade do Ibama.
Os demais pontos se concentraram em oito fazendas em São Félix do Araguaia, Vila Rica, Querência e Gaúcha do Norte, que estão entre as 36 maiores desmatadoras, diz o Inpe.
Em comparação com o mesmo período de 2007, diz o governo, os desmates caíram 80% no primeiro bimestre de 2008. Em evento em Cuiabá, o governador Blairo Maggi (PR) usou uma compilação de 20 anos de dados para defender o momento como o "melhor da história" na redução das derrubadas.
"De 1988 a 2008, só tivemos três anos com média de desmates abaixo dos 6.000 km2 por ano, entre 1990 e 1992. Nos últimos dois anos, tivemos média abaixo de 3.000 km2. Mato Grosso deveria receber elogios pelo que vem fazendo." Nos últimos 20 anos, disse, o Estado desmatou 14% do território.
A Folha não conseguiu contato com o Inpe, que já havia dito haver "diferença conceitual" sobre desmatamento -se é apenas o corte raso, como quer Maggi, ou a degradação progressiva, como calcula o instituto.
(Por Rodrigo Vargas, Folha de São Paulo, 20/05/2008)