Na tentativa de mostrar união na transição de cargo na pasta do Meio Ambiente, a ex-ministra Marina Silva se reuniu nesta segunda-feira, por mais de duas horas, com o novo ministro Carlos Minc para discutir a continuidade dos trabalhos no ministério.
Ao lado de Marina, Minc assegurou que vai trabalhar para manter os principais programas e ações iniciados pela ex-ministra. "Eu converso sempre com a Marina, e espero que nossos passos tenham sustentabilidade no Senado e na Amazônia. A nossa idéia sobre desenvolvimento ambiental é idêntica. Há questões que estão acima das pessoas, questão ambiental não pode perder esta continuidade."
Marina, por sua vez, disse ter uma "trajetória de vida" em comum com o novo ministro na defesa do Meio Ambiente. Na opinião da ex-ministra, o maior desafio de Minc será garantir a agenda de sustentabilidade do Meio Ambiente no país.
Questionado se adotará um estilo de confronto, ao contrário da tranqüilidade exercida por Marina, Minc disse que também é uma pessoa paciente --por isso estaria disposto a enfrentar desafios deixados por Marina na pasta.
"Eu sou de gênero insistente, persistente. Mais cada um de nós tem o seu estilo. O presidente Lula compartilha de nossas agendas, com ações na Amazônia e regularização fundiária e ambiental."
Minc disse que o encontro foi a seu pedido e fez um apelo para que Marina continue como conselheira quando assumir o cargo. "Foi a primeira conversa, espero que não seja a última e espero que você não me deixe só", afirmou ele, dirigindo-se à ex-ministra.
Marina disse que o presidente Lula vem recebendo o apoio da sociedade para reposicionar a agenda ambiental do país --numa defesa direta à preservação do meio ambiente frente ao desenvolvimento econômico, motivo que provocou sua saída do cargo.
Amazônia
Minc ainda considerou um "disparate" os questionamentos sobre a legitimidade para o Brasil administrar a Amazônia.
"A Amazônia será nossa se tivermos a capacidade de protegê-la e impedir que vire carvão. Os programas são de nossa responsabilidade. A ajuda internacional é bem-vinda desde que ocorra em bases duráveis."
(Por Gabriela Guerreiro, Folha Online, 19/05/2008)